domingo, 12 de julho de 2020

Gênesis sob a ótica Espírita Parte 5

Esta será uma série de textos que iremos publicar baseados nos estudos e traduções que nosso amado Haroldo Dutra está realizando, enriquecendo grandemente a literatura espírita. Peço de antemão, que tenham a mente aberta para a leitura, e abracem com o coração estes ensinamentos aqui descritos. Boa Leitura!!



A celebração do TEMPO pelos judeus

Alguns especialistas em cultura judaica dizem que a religião hebraica tem uma característica peculiar: a união da crença no Deus único à celebração do tempo. Tempo é vital na tradição hebraica.
Sendo a bíblia de autoria do povo hebreu e sendo esse o espaço cultural que Jesus escolheu para encarnar, é imprescindível o estudo da cultura judaica e, neste caso, o estudo da forma como os judeus dividem o tempo a fim de ser celebrado, sob pena de se deixar passar aspectos relevantes do evangelho e sobretudo das profecias.
Inicialmente, destaca-se que a semana não transcorre em vão para os judeus. Todas as semanas, no sétimo dia, os judeus param para orar e refletir nos textos sagrados. Chegaram a ser advertidos por Jesus neste ponto, tamanho o radicalismo com que se entregavam a esta regra. Mas a ideia é o afastamento do mundo material e a dedicação exclusiva ao mundo íntimo, buscando-se na introspecção a comunhão com Deus.
Os judeus tinham uma ideia nítida de ciclos, porque percebiam que a cada sete dias um ciclo terminava e outro se iniciava, impondo-se uma postura contemplativa, representada pelo afastamento das coisas materiais, para que o novo período se iniciasse em comunhão com Deus. Daí a razão da contemplação no Shabat.
O conhecimento destes aspectos é fundamental para a compreensão do Evangelho e mesmo das profecias, porque toda a Bíblia é permeada de referências sobre ciclos de sete dias, e Emmanuel faz igualmente muita referência a dias.
As celebrações festivas, os memoriais de eventos significativos, a recordação de passagem sagrada são formas de atualizar a experiência religiosa, como se os registros históricos que deram origem a determinada celebração estivessem acontecendo no momento atual. Por isso, a temporalidade é fundamental para o povo judeus, pois trata de datas e situações que estão na sua gênese.
A celebração do tempo pelo povo hebreu, além dos sábados, se verifica em períodos que são divisores de sete
Primeira festa, a Pascoa (Pessach)[1], no décimo quarto dia do primeiro mês, do calendário hebraico.
Segunda festa, a festa dos pães ázimos ou asmos [2] (pão sem fermento), no dia seguinte a pascoa e que durava 7 dias.
 Terceira festa, a festa das Primícias[3], integrando uma Tríade, pois entende-se que as festas se iniciavam com a Páscoa, seguida os Pães ázimos e em seguida (Domingo) as Primícias.
Quarta festa, Pentecoste[4], que acontece 7 semanas após a páscoa. (Nota-se que inicialmente os intervalos eram marcados por dias. A partir de agora, os intervalos são marcados por semanas).
Quinta festa, acontece no primeiro dia do sétimo mês, festa das Trombetas[5], é o toque da trombeta.  (Os intervalos agora são marcados por meses).
Sexta festa, no decimo dia, do sétimo mês, Yom Kipur[6].
Sétima festa, ocorre no decimo quinto dia, do sétimo mês, a festa SUCOT[7], também conhecida como tabernáculos ou tendas.
Esta forma milenar dos judeus em celebrar o tempo e os ciclos permeiam todas as profecias de Daniel e de João, no Apocalipse, e as profecias de Jeremias, Joel ou qualquer outro profeta, cujos textos têm aspectos metafóricos e simbólicos, os quais estão relacionados a ciclos e não a acontecimentos. 
Muitos intérpretes das profecias buscam associar os símbolos com acontecimentos, mas os acontecimentos são, na verdade, ocorrências que se verificam em ciclos evolutivos. Os acontecimentos são apenas uma consequência. Por exemplo, a primeira e a segunda guerra mundial estão dentro de um ciclo que está descrito no Apocalipse. O ciclo é que está descrito, a qualidade do ciclo é que está descrita, a finalidade da experiência está descrita, a advertência está escrita, mas o acontecimento não está. Outro exemplo, os Quatro Cavaleiros do Apocalipse indicam que, cada um dos Cavalheiros, correspondem a um ciclo. Dentro deste ciclo há vários acontecimentos que preenche esse símbolo. Portanto, se as profecias descrevem ciclos é claro que ela tem uma base matemática, e com razão, porque os ciclos são astronômicos, descrevem o movimento dos corpos celestes. Isto está na mensagem do Espírito Arago, no décimo oitavo capítulo, item 8, da Gênese, de Allan Kardec. Por isso que os espíritos superiores ao afirmarem que os tempos são chegados, não estão dizendo isso aleatoriamente, mas o fazem considerando um conjunto macrocósmico que os permite dizer.
Conclui-se, assim, que metaforicamente, simbolicamente, a espiritualidade criou o quadro de análise setenário dos ciclos, chamado de Shavua, que significa semana, e, em Hebraico, representa o sete. E, o texto bíblico, no quarto dia, descreve a criação do sol, da lua e dos luminares, para marcar os tempos, os sinais, as estações e para ciclos.

[1]Páscoa é a festa que marca o início do calendário bíblico de Israel e delimita as datas de todas as outras festas na Bíblia. Páscoa significa literalmente “passagem” (pois o Senhor “passou” sobre as casas dos filhos de Israel, poupando-os. Ex 12:27). Na cultura hebraica, é uma FESTA instituída por Deus como um memorial para que os filhos de Israel jamais se esquecessem que foram escravos no Egito, e que o próprio Deus os libertou com mão poderosa, trazendo juízo sobre os deuses do Egito e sobre Faraó. (Ex 12). Páscoa fala de memória, de identidade. O povo de ISRAEL foi liberto do Egito para poder servir a Deus e ser luz para as nações. Páscoa é uma FESTA instituída para que jamais ISRAEL se esquecesse quem foi, quem é e o que deve ser.
[2]Naquela época o fermento era algo bem diferente daquele que temos hoje em nossas casas. O fermento era produzido por meio da mistura de água à farinha de trigo que era deixada ao ar livre, o que, depois de alguns dias, provocava a fermentação1. Para acelerar o processo, essa massa levedada era guardada em casa e misturada à massa nova, quando se fosse fazer pão. Curiosamente, o fermento, ou pelo menos o seu uso para fazer pão, foi uma descoberta dos egípcios2. Assim, podemos entender que essa festa foi instituída para marcar claramente a saída de Israel do Egito. Israel deveria ser uma nova massa, o fermento do Egito deveria ser deixado para trás. A dramatização ensinava uma importante lição. O fermento representava a idolatria e a influência do Egito, que deviam ser deixadas para trás, mas ainda estavam presentes na vida dos israelitas e deviam ser cuidadosamente localizadas e eliminadas.
[3]Essa era a terceira festa da primavera e, como as outras duas, era uma representação da redenção. A Festa das Primícias possuía um sentido espiritual. Israel apresentava feixes de cereais novos, uma oferta que trazia em seu cerne sinais de esperança de uma nova vida. No sétimo mês do calendário agrícola, na primavera, quando as plantações demonstravam os primeiros sinais de amadurecimento, o agricultor israelita ceifava o primeiro feixe de cereal maduro de sua colheita e o levava ao sacerdote.
[4]Pentecostes é histórica e simbolicamente ligado ao festival judaico da colheita, que comemora a entrega dos Dez Mandamentos no Monte Sinai cinquenta dias depois do Êxodo
[5]A Festa das Trombetas (toca-se o Shofar) é tempo de descanso solene, no qual as trombetas são tocadas a fim de reunir o povo de Israel para o alertar a respeito da proximidade do Dia da Expiação (Yom Kippur), que representa um dia de juízo onde se exige preparação e solenidade.
[6]Os judeus dedicam esse dia, chamado dia do perdão, ao arrependimento e expiação dos pecados. De modo geral, levantam bem cedo, antes do nascer do sol, e recitam orações e cânticos de arrependimento que expressam a profunda tristeza que cada indivíduo e toda coletividade tem pela fraqueza e pelos pecados que eles cometeram. Não há nenhuma outra nação que gaste dez dias meditando acerca da expiação e perdão dos pecados como a nação de Israel.
[7]A festa dos Tabernáculos ou Festa da Colheita era originalmente uma festa agrícola, assim como a Páscoa e Pentecoste. É-lhe atribuída um significado histórico: a lembrança da peregrinação pelo deserto e o sustento pelo Senhor. A fragilidade das tendas que o povo construía era uma lembrança da fragilidade do povo quando peregrinava os 40 anos no deserto a caminho da Terra Prometida

Criação dos seres aquáticos e das aves GN 1, 20 - 23)


20 E Deus disse: Fervilhem as águas com um fervilhar de viventes, e voem os pássaros sobre a terra diante da abóbora do céu. 21 E Deus criou os cetáceos e os viventes que nadam e que a água fez fervilhar segundo suas espécies, e as aves aladas segundo suas espécies. E Deus viu que era bom. 22 E Deus os abençoou dizendo: Crescei e multiplicai-vos, enchei as águas do mar; que as aves se multipliquem na Terra. 23.Passou uma tarde, passou uma manhã: o quinto dia.


O livro Evolução em dois mundos, capítulo terceiro, primeira parte, psicografia de Chico Xavier, ditado pelo espirito André Luiz, discorre sobre a evolução do corpo espiritual e revela o início da trajetória evolutiva do princípio inteligente na Terra, que se iniciou justamente no oceano.
Descreve o texto:
A imensa fornalha atômica estava habilitada a receber as sementes da vida e, sob o impulso dos Gênios Construtores, que operavam no orbe nascituro, vemos o seio da Terra recoberto de mares mornos, invadido por gigantesca massa viscosa a espraiar-se no colo da paisagem primitiva. Dessa geleia cósmica, verte o princípio inteligente, em suas primeiras manifestações.... Trabalhadas, no transcurso de milênios, pelos operários espirituais que lhes magnetizam os valores, permutando-os entre si, sob a ação do calor interno e do frio exterior, as mônadas celestes exprimem-se no mundo através da rede filamentosa do protoplasma de que se derivaria a existência organizada no Globo constituído. Séculos de atividade silenciosa perpassam, sucessivos...
Na Questão 607a, do Livro dos Espíritos, a espiritualidade superior revela:
Na natureza tudo se encadeia e tende para a unidade. Nos seres inferiores da criação, cuja totalidade estais longe de conhecer, é que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e se ensaia para a vida, conforme acabamos de dizer. É, de certo modo, um trabalho preparatório, como o da germinação, por efeito do qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito. Entra então no período da humanização, começando a ter consciência do seu futuro, capacidade de distinguir o bem do mal e a responsabilidade dos seus atos. Assim, à fase da infância se segue a da adolescência, vindo depois a da juventude e da madureza. Nessa origem, coisa alguma há de humilhante para o homem. Sentir-se-ão humilhados os grandes gênios por terem sido fetos informes nas entranhas que os geraram? Se alguma coisa há que lhe seja humilhante, é a sua inferioridade perante Deus e sua impotência para lhe sondar a profundeza dos desígnios e para apreciar a sabedoria das leis que regem a harmonia do Universo. Reconhecei a grandeza de Deus nessa admirável harmonia, mediante a qual tudo é solidário na Natureza. Acreditar que Deus haja feito, seja o que for, sem um fim, e criado seres inteligentes sem futuro, fora blasfemar da Sua bondade, que se estende por sobre todas as suas criaturas.
Nota-se, por estes registros, um elo harmônico entre o relato da criação no texto bíblico e a revelação dos espíritos retratada na obra de Allan Kardec.
Observa-se que o autor no texto de Gênesis, no relato da criação, fez questão de apontar a existência de uma ordem no processo divino da criação, ritmada por uma sequência. É uma característica de toda obra divina perfeitamente perceptível na natureza.
Assim, a semente lançada ao solo segue uma sequência – jamais alterada – até o aparecimento do fruto. De igual forma, esse ritmo sequencial também ditou o processo de criação do planeta Terra.
 No início, o caos, depois, a ordem no caos, em seguida, a separação dos fluídos, com a formação das águas dos mares e dos oceanos, depois, a terra firme, com a formação dos continentes. Surge, em sequência, o reino vegetal, com toda sua riqueza, suas funções bioquímicas tão importantes à qualidade ambiental. Seguindo a ordem, surgem os fenômenos celestes, as estrelas, o sol e a lua, como marcadores de tempo, de ciclos e fases. Em seguida, a vida animal surge no planeta; primeiro, se manifestando nos animais aquáticos e marinhos, depois, nos animais terrestres, para se concluir no homem. A cada ser foi comissionado uma tarefa e, ao homem, a tarefa de tudo cuidar. Eis a sequência da criação divina.



Estudo baseado nas traduções de Haroldo Dutra que estão disponíveis em formato de vídeo no youtube.
Imagem: Google.

Gênesis sob a ótica Espírita Parte 4

Esta será uma série de textos que iremos publicar baseados nos estudos e traduções que nosso amado Haroldo Dutra está realizando, enriquecendo grandemente a literatura espírita. Peço de antemão, que tenham a mente aberta para a leitura, e abracem com o coração estes ensinamentos aqui descritos. Boa Leitura!!



A lei dos ciclos


Ciclo é uma palavra com origem no termo grego kýklos, que significa uma série de fenômenos que se renovam de forma constante, de forma cíclica.
A observação demonstra que todo o período de um ciclo, até se completar, segue uma fase crescente e outra decrescente. Trata-se de um princípio da Lei Divina, observável na natureza.
  



Neste sentido, registra-se os ciclos das estações. A primavera/verão, ascendente; outono/inverno, decrescente. As fases da lua: crescente, cheia, nova e minguante. As fases da vida humana também são assim: infância e mocidade, crescente, maturidade e velhice, decrescente.
A este respeito, no livro A Genesis, Allan Kardec, último capítulo, item 8, revela:
Cada corpo celeste, além das leis simples que presidem à divisão dos dias e das noites, das estações, etc., sofrem revoluções que demandam milhares de séculos para a sua perfeita realização, mas que, como as revoluções mais breves, passam por todos os períodos, desde o nascimento até o apogeu do efeito, depois do que há um decréscimo até o último limite, para recomeçar em seguida a percorrer as mesmas fases. (Grifamos).

No contexto da astronomia, um ciclo é o tempo, marcado em anos, perídio em que se repetem os mesmos fenômenos astronômicos. O ciclo solar, tem a duração de 28 anos e não está relacionado com o movimento do Sol. No fim desse ciclo, os dias da semana correspondem às mesmas datas do mês em que começou o ciclo. Nota-se, neste ciclo, 4 períodos de 7 anos.
O ciclo de Urano, tem 84 anos, crescente até 42 anos e decrescente até os 84. São, portanto, 12 períodos de sete anos, variando para mais e para menos em algumas pessoas.
O espírito André Luiz, no livro Missionários da Luz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ao descrever a encarnação de Segismundo, faz referência ao ciclo de 7 anos, pois a reencarnação de Segismundo se completou aos 7 anos, uma vez que somente aos 7 anos o perispírito se une definitivamente ao corpo físico, o que se dá pelo sangue, pois o sangue é o elemento que faz circular o fluido Vital pelo corpo. Somente aos sete anos o espírito se desvincula da mãe, criando autonomia.
Todos ciclos correspondem ao movimento de um corpo celeste. Existem ciclos que os seres humanos ainda desconhecem, como, por exemplo, o ciclo que descreve o movimento da via láctea em torno de um eixo (certamente ela gira em torno de um eixo[1] padrão, conforme modelo definido para o macro e microcosmo). A natureza tem um espírito de sequência e não há nada de místico na questão dos ciclos.
Todas as profecias da bíblia estão embasadas nesses ciclos. O apocalipse, cujo significado é revelação (algo obscuro que é revelado, trazido à luz), aponta os ciclos evolutivos do orbe terreno, mas não todos, apenas alguns, ou seja, aqueles já eram conhecidos dos místicos da época.
A respeito desses ciclos, em outubro de 1956, revista da LBV fez uma entrevista com Chico Xavier, sendo-lhe perguntado, dentre outros temas, o seguinte:
Pergunta: – Pode Emmanuel dizer-nos algo a respeito da verticalização do eixo da Terra e das transformações que esta sofrerá, segundo Ramatís[2]?

“Chico Xavier: – Afirma nosso Orientador espiritual que não podemos esquecer que a Terra, em sua constituição física, propriamente considerada, possui os seus grandes períodos de atividade e de repouso. Cada período de atividade e cada período derepouso da MATÉRIA PLANETÁRIA, que hoje representa o alicerce de nossa morada temporária, pode ser calculado, cada um, em duzentos e sessenta mil (260.000) anos.Atravessando o período de repouso, a matéria terrestre se reorganiza, enxameando de novo, nos vários departamentos do Planeta, representando, assim, novos caminhos para a evolução das almas. Assim sendo, os GRANDES INSTRUTORES da humanidade, nos PLANOS SUPERIORES, consideram que, desses 260.000 anos de atividade, 60 a 64 mil anos são empregados na reorganização dos pródomos da vida organizada. Logo em seguida, surge o desenvolvimento das grandes raças que, como grandes quadros, enfeixam assuntos serviços, que dizem respeito à evolução dos espíritos domiciliados na Terra. Assim, depois desses 60 a 64 mil anos de reorganização de nossa Casa Planetária, temos sempre grandes transformações, de 28 em 28 mil anos. Depois do período dos 64 mil anos, tivemos duas raças na Terra, cujos traços se perderam, por causa de seu primitivismo. Logo em seguida, podemos considerar a grande raça Lemuriana, como portadora de uma inteligência algo mais avançada, detentora de valores mais altos, nos domínios do espírito. Após a raça Lemuriana – em seguida aos 28.000 anos de trabalho lemuriano propriamente considerado – chegamos ao grande período da raça Atlântida, e outros 28.000 anos de grandes trabalhos, no qual a inteligência do mundo se elevou de maneira considerável. Achamo-nos, agora, nos últimos períodos da grande raça Ariana.Podemos considerar essas raças, como grandes ciclos de serviços, em que somos chamados de mil modos diferentes, em cada ano de nossa permanência na crosta do planeta, ou fora dela, ao aperfeiçoamento espiritual, que é o objetivo de nossas lutas, de nossos problemas, de nossas grandes questões, na esfera de relações, uns para com os outros. “
Interessante a revelação espiritual contida no livro A Gênese, capitulo IX, item 06, perfeitamente de acordo com a ciência astronômica:
Além do seu movimento anual em torno do Sol, origem das estações, do seu movimento de rotação sobre si mesma em 24 horas, origem do dia e da noite, tem a Terra um terceiro movimento que se completa em cerca de 25.000 anos, ou, mais exatamente, em 25.868 anos, e que produz o fenômeno denominado, em astronomia, precessão dos equinócios (cap. V, nº 11). Este movimento, que não se pode explicar em poucas palavras, sem o auxílio de figuras e sem uma demonstração geométrica, consiste numa espécie de oscilação circular, que se há comparado à de um pião a morrer, e por virtude da qual o eixo da Terra, mudando de inclinação, descreve um duplo cone cujo vértice está no centro do planeta, abrangendo as bases desses cones a superfície circunscrita pelos círculos polares, isto é, uma amplitude de 23 e 1/2 graus de raio.

Este terceiro movimento, está representado por esta figura e ocorre em períodos que coincidem, aproximadamente, com os períodos informados por Chico Xavier, quando ocorrem as grandes transformações no planeta, marcando o surgimento de civilizações destacadas.
Emmanuel se referia a um ciclo, cuja duração é de 520 mil anos. Como todo ciclo corresponde ao movimento de um corpo em torno de seu eixo, não se sabe a que ciclo Emmanuel se referia, pois, o maior ciclo conhecido pela ciência, atualmente, em nosso sistema, é o ciclo de urano, cuja duração é de 64 anos, e que, coincidentemente, também é um ciclo setenário (pode ser dividido por sete). 


[1] No Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. III, item 16, lê-se: “Cada turbilhão planetário, a deslocar-se no espaço em torno de um centro comum, arrasta consigo seus mundos primitivos, de exilio, de provas, de regeneração e de felicidade. (Grifei)
[2] Ramatis é o nome atribuído pelo médium Hercílio Maes a uma entidade espiritual que o orientaria na escrita de seus livros. Apareceu pela primeira vez em 1955 no livro A Vida no Planeta Marte e os Discos Voadores.


Ciclos planetário da Terra

No ano de1956, no mês de outubro, a revista periódica publicada da Legião da Boa Vontade, registra uma entrevista realizada com o médium Francisco Cândico Xavier, oportunidade em que Emmanuel deixa evidente que planeta Terra vivencia atualmente os últimos períodos do ciclo evolutivo da grande raça Ariana.
O entrevistador questiona o médium:
Pergunta: – Foi, de fato, há 37.000 anos que submergiu a Atlântida?
Chico Xavier: – Diz nosso Amigo (Emmanuel) que o cálculo é, aproximadamente, certo, considerando-se que as últimas ilhas, que guardavam os remanescentes da civilização Atlântida, submergiram, mais ou menos, 9 a 10 mil anos, antes da Grécia de Sócrates.
A respeito do tema, o Livro dos Espíritos, as respostas às questões 50 e 51, elucidam:
50. A espécie humana começou por um só homem?
— Não; aquele que chamais Adão não foi o primeiro nem o único a povoar a Terra.
51. Podemos saber em que época viveu Adão?
— Mais ou menos naquela que lhe assinalais: cerca de quatro mil anos antes do Cristo.
A partir dos textos relacionados na revista LBV e no Livro dos Espíritos, conclui-se que
1-    Se cada período de atividade e repouso, do ciclo mencionado por Emmanuel, corresponde a 260 mil anos, a soma dos períodos corresponde a 520 mil anos, com uma fase crescente e outra decrescente. No período crescente de 260 mil anos é que a humanidade floresce, sendo que, deste período de 260 mil anos, 60 a 64 mil anos são empregados na reorganização dos pródromos da vida organizada. Logo em seguida, surge o desenvolvimento das grandes raças.
2-  A Terra já passou várias vezes pelo ciclo de 520 mil anos e, atualmente, está completando mais um ciclo antes de entrar novamente em repouso, “Pesquisas científicas recentes revelaram que o planeta Terra tem aproximadamente 4,6 bilhões de anos; formas rudimentares de vida (algas e bactérias) datam de aproximadamente 4 bilhões de anos; o Homem de Neandertal viveu entre 200 mil e 25 mil anos; e o Homem de Cro-Magnon viveu entre 30 mil e 10 mil anos.” (J. Birx – Prometheus Books, 1991, e Enciclopédia Lello). (Esta informação está no Livro dos Espíritos, capitulo 3, nota de rodapé 11).
3- De acordo com a ciência, o aparecimento do homem, no atual ciclo, data de 200 mil anos. Os espíritos que ditaram a codificação dizem que Adão viveu há 4000 mil anos antes de Cristo. Emmanuel afirma que a civilização Atlântida viveu até 10 mil anos AC.

Com tais dados, esclarece o quadro demonstrativo:






       SITUANDO NOSSA ATUAL EXISTÊNCIA E CONHECENDO O FINAL DO CICLO


Em 37 mil AC submergiu a Atlântida e em 10 mil anos AC submergiu o remanescente do continente, conforme nos informa Emmanuel, na revista da LBV.
Tais dados conferem com referências deixadas pelo filósofo Plantão noticiando que os últimos atlantes submergiram em torno de 10 mil anos AC, conforme registra em sua obra Timeu e Critias. Semelhante testemunho dá Aristóteles no livro Meteorológicos (2.1, 354 a11-31). 
A civilização ariana (civilização atual) surgiu nesse período e está, segundo Emmnuel, vivendo os últimos períodos do ciclo de 28 mil anos, para dar lugar a uma nova civilização, ou uma nova geração.
Os arianos iniciaram sua trajetória evolutiva no planeta Terra, após exilio planetário, conforme esclarece Emmanuel, no livro A caminho da Luz.
Esclarece o benfeitor espiritual que os exiliados do sistema Capela[1], para este planeta, tiveram que conviver com selvagens, habitantes primitivos da Terra, a fim de contribuir com progresso do orbe, compromisso firmado com o Cristo Jesus.
 Os últimos capelinos retornarem ao planeta de origem, somente há 4 mil AC, deixando sua marcha registrada nesse planeta. A bíblia é o registro do último período dessa civilização. O ciclo de 28 mil anos também segue os princípios da lei dos ciclos, apresentando uma fase decrescente e uma fase crescente. Assim, o último período dos 28 mil anos dessa atual civilização já está no final, conforme Emmanuel informou.
 A bíblia, no livro Genesis descreve esse período de 7 dias, que correspondem a 7 mil anos[2]. A história de Adão é a história dessa civilização. Adão representa os últimos capelinos. Os espíritos da codificação, bem como Emmanuel, informam que esses capelinos viveram 4 mil anos AC. Dois mil anos já se passaram depois de Jesus, restam, portanto, mais mil anos, completando-se assim o último período do ciclo (28 dividido por 4), os quais estão representados pela semana bíblica.
O principal ciclo bíblico é o ciclo dos sábados, porque segue o padrão setenário. O sabat é uma comemoração dos 7 dias da criação. O conhecimento deste tema é indispensável para se penetrar no conteúdo espiritual de vários textos bíblicos.
 No livro Vinha de Luz, capítulo 113, Emmanuel faz referência a ciclos quando comenta o Sermão Profético, que diz o seguinte: orai para que vossa fuga não aconteça nem no inverno e nem no sábado.
O texto diz o seguinte:
A permanência nos círculos mais baixos da natureza institui para a alma um segundo modo de ser, em que a viciação se faz obsedante e imperiosa. Para que alguém se retire de semelhantes charcos do espírito é imprescindível que fuja. Raramente, porém, a vítima conseguirá libertar-se, sem a disciplina de si mesma. Muita vez, é preciso violentar o próprio coração. Somente assim demandará novos planos. Justo, pois, recorrer à imagem do Mestre, quando se reportou ao Planeta em geral, salientando as necessidades do indivíduo.
É conveniente a todo aprendiz a fuga proveitosa da região lodacenta da vida, enquanto não chega o “inverno” ou os derradeiros recursos de tempo, recebidos para o serviço humano. Cada homem possui, com a existência, uma série de estações e uma relação de dias, estruturada em precioso cálculo de probabilidades. Razoável se torna que o trabalhador aproveite a primavera da mocidade, o verão das forças físicas e o outono da reflexão, para a grande viagem do interior para o superior; entretanto, a maioria aguarda o inverno da velhice ou do sofrimento irremediável na Terra, quando o ensejo de trabalho está findo. As possibilidades para determinada experiência jazem esgotadas. Não é o fim da vida, mas o termo de preciosa concessão. E, naturalmente, o servidor descuidado, que deixou para sábado o trabalho que deveria executar na segunda-feira, será obrigado a recapitular a tarefa, sabe Deus quando! Emmanuel





[1] Referindo-se a raça ariana: Suas incursões, entre as tribos selvagens da Europa, datam de mais ou menos dez milênios antes da vinda do Cristo, não obstante a Humanidade localizar-lhe a marcha apenas quatro mil anos antes do grande acontecimento da Judeia.  É que, em vista de sua situação psicológica, os primitivos árias do Velho Mundo não deixaram vestígios nos domínios da fé, único caminho, daqueles tempos, através do qual poderia uma raça assinalar sua passagem pela Terra. (A Caminho da Luz, capitulo 6).
[2] Mas, amados, não ignoreis uma coisa, que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia.). (2 Pedro, 3:8-8)


Estudo baseado nas traduções de Haroldo Dutra que estão disponíveis em formato de vídeo no youtube.
Imagens: Google.

Gênesis sob a ótica Espírita Parte 3

Esta será uma série de textos que iremos publicar baseados nos estudos e traduções que nosso amado Haroldo Dutra está realizando, enriquecendo grandemente a literatura espírita. Peço de antemão, que tenham a mente aberta para a leitura, e abracem com o coração estes ensinamentos aqui descritos. Boa Leitura!!





A ordem no caos (GN 1, 1-5)                 

No princípio, Deus criou o céu e a terra. Ora, a terra estava vazia e vaga, as trevas cobriam o abismo, e o alento de Deus revoava sobre a face das águas.(GN 1, 1-5)

A criação do céu e da terra no vazio e no caos que imperava é descrito neste primeiro versículo. No versículo seguinte, o autor faz referência à água, sem que houvesse qualquer informação a respeito de sua criação, admitindo-se, assim, a preexistência da água no início da criação.
Não se trata de um equívoco ou fantasia do narrador bíblico, uma vez que é preciso considerar a diferença existente entre a narrativa hebraica e a narrativa ocidental. A primeira adota a narrativa circular ou espiral, significando dizer que após a edição de uma frase, segue-se várias repetições, acrescentando-se, em cada repetição, um novo detalhe.
Neste sentido, extrai-se, literalmente, do texto - no princípio Deus criou o céu e a Terra - a ideia de que Deus criou tudo. Isto porque, em Hebraico, não existe a palavra tudo. Para isso, ou seja, para expressar TUDO se empregou a técnica da utilização dos opostos. Por esse método, por exemplo, para se de fazer referência a todos os elementos da Terra, usa-se as expressões fogo e água; para se expressar emoções, utiliza-se os opostos pranto e alegriaDesta forma, quando o texto emprega as expressões céu e terra, quer transmitir a noção tudo que existe no planeta.
Assim, a primeira afirmação do autor bíblico corresponde a ideia de que Deus criou tudo, e, numa espiral, a frase vai se repetindo e, cada vez que se repete, uma novidade é acrescentada. Observa-se que no primeiro versículo, o autor diz que Deus criou o céu e a terra, e, nos versículos 6 a 8, o autor descreve como o céu foi criado.
Relativamente a água, não há referência sobre sua criação, evidenciando-se que que seu uso foi empregado simbolicamente para ilustrar um elemento que preexistia à criação e, com certeza, não foi descuido do autor do texto, mas um propósito transcendente.
Neste sentido, a revelação da doutrina espírita informa que o fluido cósmico universal é o elemento material portador de propriedade especiais e do qual tudo se origina. A água, inserida no texto, refere-se, sem dúvida, ao fluido cósmico universal. Ademais, o narrador bíblico não poderia ser compreendido pela mentalidade reduzida do seu povo, apontando verdades que somente mais tarde, com a aquisição da maturidade intelectual, poderia ser entendida.
 Por isso, o texto é repleto de alegorias e símbolos, razão pela qual a expressão água foi o termo encontrado pelo autor para definir um elemento que o espiritismo definiu como fluido cósmico universal, e que a ciência atual define como campo de higgs”.
No livro Boa Nova, psicografia de Chico Xavier, o espírito Humberto de Campos, capitulo 19, descreve um diálogo entre Jesus e João, onde o Mestre acentua que a água é “o símbolo mais perfeito da essência de Deus, que tanto está nos céus como na Terra.”
Portanto, a água, referida no versículo dois do primeiro capítulo, não se trata do elemento água, mas referência a um elemento à época desconhecido, definido pelo espiritismo como fluido cósmico.
No livro A Gênese, Cap. XIV, item 2, Kardec aborda o fluido cósmico e o descreve como o elemento primordial:
O fluido cósmico universal é, como já foi demonstrado, a matéria elementar primitiva, cujas modificações e transformações constituem a inumerável variedade dos corpos da Natureza. (Cap. X.) Como princípio elementar do Universo, ele assume dois estados distintos: o de eterização ou imponderabilidade, que se pode considerar o primitivo estado normal, e o de materialização ou de ponderabilidade, que é, de certa maneira, consecutivo àquele. O ponto intermédio é o da transformação do fluido em matéria tangível. Mas, ainda aí, não há transição brusca, porquanto podem considerar-se os nossos fluidos imponderáveis como termo médio entre os dois estados. (Cap. IV, nos 10 e seguintes.)

A pergunta 36 do Livro dos Espíritos é ainda mais esclarecedora:

O vazio absoluto existe em alguma parte no espaço universal?  Não, nada é vazio. O que imaginais como vazio é ocupado por uma matéria que escapa aos vossos sentidos e aos vossos instrumentos.

É por isso que no livro Gênesis com frequência se encontra o emprego do verbo SEPARAR. Quando o autor do livro escreve que Deus separou as águas, a luz da escuridão, etc., está se referindo a individuação do fluido cósmico universal.
Os conceitos mais importantes de Genesis é a criação e a cocriação, igualmente tratada no Livro dos Espíritos. Só Deus cria os espíritos. Os espíritos, por sua vez, são cocriadores em plano maior e em plano menor, pois podem atuar no fluido cósmico universal de acordo com seu estado evolutivo.
 Neste sentido, no livro Evolução em Dois Mundos, Emmanuel, psicografia de Chico Xavier, capitulo 1, faz importantes esclarecimentos, ensinando que tudo que existe na Terra, inclusive o tempo, foi criado seguindo as leis gerais divinas.
No livro A caminho da Luz, Emmanuel informa que a belezajunto à ordem[2]constituiu um dos traços indeléveis de toda a criação.
Nota-se, pela leitura do primeiro capítulo do livro bíblico de Gênesis, exatamente a pontuação de Emmanuel no Livro A caminho da Luz, pois a bíblia traz a descrição de Deus ordenando e estabelecendo ordem na manipulação do fluido e, assim, na criação do universo, cada elemento com sua estrutura, uns mais simples, outros mais complexos.
Deus também é provedor. Por isso se justifica a criação do planeta com toda sua beleza esplendorosa, pois os espíritos criados necessitam de um local agradável para trabalhar sua evolução.
Deus ordena, provê e comissiona, ou seja, estabelece tarefas para os seres da criação. No livro dos espíritos, a questão 132, esclarece que o objetivo da encarnação é permitir a evolução do espírito. E isso só é possível por meio das várias experiências nos corpos materiais. Por isso, cada espíritoem cada mundo, utiliza-se de um corpo material correspondente com a matéria essencial do mundo respectivo a fim de executar ali, sob esse ponto de vista, as determinações de Deus, de modo que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.
A vida corporal permite ao espírito lidar com a matéria nos seus mais diversos aspectos, conferindo-lhe experiência e sabedoria ao longo do processo evolutivo.
                 
O Alento de Deus (GN 1, 1-2)
                                                 
No versículo 2, do primeiro capítulo, está narrado que: A terra era um caos informe; sobre a face do abismo, a treva. E o alento de Deus revoava sobre a face das águas. (GN 1, 1-2).

Alento, no dicionário comum, significa expelir o ar, soprar. Daí porque o sentido do texto é descrever que Deus, ao soprar a face das águas, criou tudo.
A doutrina espírita, mantendo-se coesa com o texto bíblico revela que o fluido cósmico universal é o elemento que dá origem a tudo, céu e terra.
Compreende-se, assim, que autor do livro de Genesis pretendeu transmitir, na narrativa da criação, é que Deus, ao separar as águas, para criar o céu e tudo que está abaixo do céu, manipulava uma espécie de matéria cósmica, por meio das inteligências divinas que seguiam e executavam a sua vontade.
Por falta de qualquer outra referência, na época, o autor do livro utilizou a palavra água para vestir a ideia que pretendeu transmitir. Milênios depois, foi a vez dos espíritos da codificação vestir a mesma ideia, com o nome de fluido cósmico universal, tendo em vista a maior capacidade de compreensão humana. Atualmente a ciência tem dado o nome a essa matéria de energia escura[1].
À propósito, a questão 27 do LE, esclarece que o fluido cósmico é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá.
É importante ressaltar que, de acordo com Kardec, somente determinada classe de espíritos conhece bem o fluido cósmico a ponto de manipulá-lo. Os espíritos de escala inferior usam o fluido, assim como nós, porém não sabem manipulá-lo, pois não compreendem o processo de sua manipulação.
 Os espíritos puros conhecem a lei, conhecem o processo, e podem manipular o fluido conscientemente. Há espíritos que, embora portador de alto grau de inteligência e sabedoria, não conseguem manipular o fluido, pois somente espíritos que já evoluíram intelectualmente e, sobretudo, moralmente, é que podem ter acesso às energias mais sutis.

O fluido cósmico é passível de infinitas modificações e, por isso, dá origem a tudo que existe no mundo corpóreo e incorpóreo. O períspirito e o fluido vital, que anima os corpos orgânicos, são também derivações do fluido cósmico universal. (LE, questões 68 a 70).





[1] Matéria escura é invisível, mas é tudo, ou quase tudo, pois compõe 85% do universo e o próprio universo só existe como conhecemos por causa dela. Foi por ela que a matéria comum pôde se organizar em planetas, estrelas e galáxias. No princípio, a o universo era uniforme. A gravidade adicional da matéria escura que fez com que tudo passasse a se aglomerar. Mais ou menos como um leite uniforme coalhando em grumos. "A matéria escura é nossa mãe", afirma o coautor do estudo, Hitoshi Murayama. "Sem ela, nenhuma estrela, galáxia ou mesmo nós haveríamos nascido". (Fonte http://super.abril.com.br/ciencia/cientistas-apresentam-explicacao-simples-para-a-materia-escura)

Separação do dia e da noite (GN 1, 3-5)
                     
Disse Deus: Haja luz. E houve luz. Deus viu que a luz era boa; e Deus separou a luz da treva: Deus chamou a luz “dia” e a treva “noite”. Passou uma tarde, passou uma manhã: o primeiro dia


Este versículo narra a criação de uma luz e, em seguida, separa a luz das trevas. Denomina a luz de dia e, as trevas, de noite. Nota-se, a falta de referência ao sol e tampouco à lua. Somente no versículo 14 é que o Sol e a Lua (luminares) são criados para governar o dia e a noite. Assim, é possível compreender que essa luz, criada no primeiro dia, não é uma luz física porque somente no quarto dia o sol foi criado.

 Os estudiosos entendem que essa luz, criada no primeiro dia, é uma referência a Jesus, a quem, aliás, Deus conferiu a governança da Terra, conforme revela Emmanuel, no livro A caminho da luz.
Neste sentido, o Evangelho de João 1, 1-9, transmite essa ideia de forma nítida.

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam. João 1:1-5”

Matheus 4, 16, também compara Jesus à luz:

O povo que jazia nas trevas viu uma grande luz, e aos que estavam detidos na região e sombra da morte, a luz raiou”.

Emmanuel, no livro Levantar e Seguir, escreveu um capítulo chamado a Luz Raiou, referindo-se ao início da missão de Jesus.

É preciso considerar que tanto o livro Genesis, como os demais livros da Bíblia, transmite uma história, que se traduz na história da evolução humana e não somente a história do povo hebreu. É preciso considerar, também, que a lei que rege o macrocosmo é a mesma lei que rege o microcosmos, como a lei que rege o mundo material é a mesma lei que rege o mundo espiritual, porque o autor dessas leis é um só, ou seja, Deus.

Neste sentido, as reflexões dos textos bíblicos devem dirigir-se, também, para o mundo íntimo.
Por isso, o livro de Gênese, ao descrever a evolução material da civilização e do planeta, também está descrevendo a evolução moral ou espiritual da criatura humana.

Sob esse aspecto, a separação da luz e das Trevas tratada no texto, se refere, igualmente, a estágios de consciência que o espírito humano desenvolve no caminho da sua evolução.

De acordo com o texto, o momento decisivo na evolução humana é justamente quando há separação da treva e da luz. No entanto, para que seja possível ao ser humano separar algo é imprescindível que tenha capacidade de distinguir, e, para distinguir, é preciso ter discernimento, ou seja, é preciso conhecer as características de um elemento e as características de outro elemento para poder separá-los.

 Na parábola do joio e do trigo, quando o trigo e o joio estão muito novos não é possível distinguir um do outro. Só depois que crescem e vão amadurecendo é que se diferenciam, sendo possível separá-los. O senhor da parábola diz para não arrancar o joio enquanto está pequeno o trigo, para não os arrancar juntos, pois neste momento não é possível distinguir um do outro. A evolução também apresenta esse desafio. A separação da treva e da luz interna não se dá no início da evolução do espirito, somente mais tarde, com a aquisição da consciência.

Joana de Angelis, no livro Psicologia da Gratidão, psicografia de Divaldo Franco, capitulo 5, referindo-se ao discernimento que proporciona o surgimento da consciência, marcando a separação da dualidade arquetípica da sombra e da luz, ensina:
Desde o momento quando ocorreu a fissão da psique dando lugar ao surgimento dos arquétipos ego e self, os pródromos da consciência começaram a ensaiar o despertamento das emoções de variado teor e significado psicológico.”

No Oriente, o discernimento que proporcionou o surgimento da consciência, está na tradição do Bagavad Gita, parte do Mahabarata, quando o mestre Krishna, dialogando com o discípulo Ardjuna, ajudou-o a penetrar na vida mística, especialmente na luta que deveria ser travada com destemor entre as virtudes (de pequeno número) e os vícios (muito mais numerosos), mediante a aplicação das forças nobres da consciência.

Na resposta da questão 120 a 122, do Livro dos Espíritos, os imortais ensinam que o livre-arbítrio se desenvolve à medida que o espírito tem consciência de si mesmo. Antes de adquirir a consciência o espírito age por determinismo.

Criação do céu, da terra e do mar (GN 1, 6-10)

Disse Deus: Exista uma abóbada entre as águas, que separe águas de águas. E Deus fez a abóbada para separar as águas abaixo das águas acima da abóbada. E assim foi. E Deus chamou à abóbada céu. Passou uma tarde, passou uma manhã: o segundo dia.
E disse Deus: Ajuntem-se num só lugar as águas abaixo do céu, e apareçam os continentes. E assim foi. E Deus chamou os continentes “Terra”, e a massa das águas chamou “mar”. E Deus viu que era bom.

A separação das águas está detalhada no tópico 5.1, do capítulo 5, neste site. No entanto, é interessante notar que o povo hebreu, durante o período em que viveu no Egito, conheceu a filosofia de Hermes Trimegisto, em especial a Lei da Correspondência:
"Aquilo que está embaixo é como aquilo que está em cima; aquilo que está em cima é como aquilo que está embaixo”.

Não há dúvida que esse texto foi escrito levando-se em consideração um dos maiores princípios da lei Divina, o princípio da unidade, no sentido de que não há diferença substancial entre o que está o macro e o microcosmo; a diferença pode ser de complexidade, de dimensão, pois o que existe nas esferas superiores é muito mais sutil, mais elaborado, mais desenvolvido, mais evoluído, mas é, na essência, igual aos elementos que se expressam nas faixas inferiores, ou em baixo.

Aliás, o conceito de microcosmo, elaborado pelos filósofos antigos, compreende a existência de todos os elementos que compõe o macrocosmo, de forma elaborada e complexa, como os que estão nas estruturas menores.

Interessante refletir, neste prisma, sobre as comparações entre o corpo humano, por exemplo, que possui em sua composição elementos químicos, minerais, bactérias, gases flora, etc. e o sistema solar. Há alguma identidade de funcionamento entre esses corpos ou são leis diferentes que os regem? Com certeza, são as mesmas leis que regem esses corpos, porque o autor dessas leis é Deus, ser único, absoluto.

 Aliás, no livro A Gênese, de Allan Kardec, um dos critérios estabelecidos pelo codificador, para se avaliar qualquer teoria, qualquer filosofia, ou proposta, bem como para se avaliar o grau de erro de determinada teoria, é compará-la com os atributos da divindade. Havendo algum choque, em algum ponto, é sinal de falibilidade do sistema ou da teoria. Isso porque, Deus existe no plano da unidade absoluta, inalcançável à criatura humana, de forma que toda explicação que se fizer a respeito de qualquer sistema, será sempre relativo.

Criação da flora (GN 1, 11- 13)

E Deus disse: Verdeje a terra erva verde que produza semente e árvores frutíferas, que deem frutos segundo sua espécie e que levem sementes sobre a terra. E assim foi. A terra brotou erva verde que dava semente segundo sua espécie, e as árvores que davam fruto levavam semente segundo sua espécie. E de Deus viu que era bom. Passou uma tarde, passou na manhã: o terceiro dia.

A partir desse versículo o relato da criação adentra a vida orgânica, antes ocupado apenas com a vida inorgânica. Considerando que o foco deste estudo é buscar o conteúdo espiritual dos textos, sob os aspectos das três relações, é imprescindível, para a compreensão deste versículo, sob o aspecto espírita, a orientação disponibilizada no livro Evolução em Dois Mundos, pelo espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, especialmente o capitulo terceiro, que trata do tema Primórdios da vida e Nascimento do reino vegetal
O espírito André Luiz, no estudo em questão, assinala que a evolução se dá em dois planos, material e espiritual, de tal forma que pode parecer difícil catalogar os elos da evolução examinando-a apenas sob as lentes do mundo físico. Acentua o autor espiritual que sem os ascendentes espirituais é impossível localizar, de forma precisa, a evolução material. 
Deste modo, André Luiz, ao abordar o reino vegetal, trata também da evolução do corpo espiritual, porquanto a ascensão espiritual do princípio inteligente se verifica nos reinos da criação, pois a doutrina Espírita revela que o princípio inteligente, criado simples e ignorante, se elabora nos diversos reinos, mineral, vegetal e animal, para poder atingir o reino hominal.

É assim que tudo serve, que tudo se encadeia na natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, que também começou por ser átomo. Admirável lei de harmonia, que ainda o nosso acanhado espírito não pode apreender em seu conjunto! (LE, 540).
Evidencia-se, assim, uma vez mais, a harmonia existente entre o texto bíblico e a doutrina espírita. Na Gênesis bíblica a criação do planeta terra inicia-se com a separação das águas, que corresponde a manipulação do fluido para criação de todos elementos minerais, indispensáveis a automação do planeta, seguindo-se à criação dos reinos mineral, vegetal, animal, até chegar no homem, exatamente como descrevem os espíritos a evolução do princípio inteligente.

A criação dos luzeiros (GN 1, 11- 13)

E Deus disse: Existam luzeiros na abóbada do céu para separar o dia da noite, para assinalar as festas, os dias e os anos; e sirvam de luzeiro na abóbada do céu para iluminar a terra. E assim foi. E Deus fez os dois luzeiros grandes: o luzeiro maior para governar o dia, o luzeiro menor para governar a noite, e as estrelas. E Deus os colocou na abóbada do céu para dar luz sobre a terra; parra governar o dia e a noite, para separar a luz da treva. E de Deus viu que era bom. Passou uma tarde, passou na manhã: o quarto dia.
                                    
A leitura do texto deste versículo revela a criação dos luzeiros para iluminar a terra, governar o dia e a noite, e marcar o tempo.
No entanto, esses luzeiros não foram nominados. Os estudiosos são unânimes em afirmar que o autor do livro Gênesis assim o fez para diminuir a importância conferida, pelos povos da época, ao sol, a lua e as estrelas.
 Para os egípcios, o sol era um deus, a lua representava, igualmente, uma divindade, bem como as estrelas do céu, para os povos do oriente, tinham a função de dirigir-lhes o destino.
Para os povos da época os luzeiros eram mitos; no entanto, para o povo da bíblia os luzeiros foram criados por Deus para servir à humanidade.
Assim, por marcarem o tempo, os luzeiros revestem-se de especial significado, porquanto a bíblia está repleta de referência a ciclos. A criação desses marcadores, no quarto dia, seguiu um propósito que permitirá a compreensão dos textos que dizem respeito a ciclos, como os ciclos naturais, ciclos astronômicos, ciclos da natureza e ciclos proféticos.
Estabelecida a criação em sete dias, o quarto dia ocupa o centro, pois há três dias antes e três dias depois. Essa estrutura literária é a mesma estrutura do candelabro, que é também a estrutura dos verbos em hebraico. Trata-se de uma estrutura setenária que apresenta o conjunto de símbolos em toda a literatura bíblica. O candelabro tem uma estrutura central com três hastes de cada lado. O quarto dia representa, então, uma espécie de linha vertical,uma linha divisória entre duas partes.
Por outro lado, não há dúvida de que a descrição em seis dias da criação do mundo, reservando-se o sétimo dia ao descanso, objetivou revelar que há ciclos que regem o universo, com períodos ascendentes e descendente, de forma que no final de um ciclo há sempre um período de repouso. Constata-se, assim, o ritmo: repouso, movimento, repouso, movimento, como são os ciclos no mundo das formas.
Toda a vida humana é permeada por ciclos de quatro ou sete períodos. O ciclo de quatro fases é materialmente perceptível, mas o setenário é espiritual, difícil de ser percebido. Todo ciclo tem um padrão de quatro ritmos ou quatro fases. A lua, por exemplo, tem quatro fases; são quatro as estações do ano; os pontos cardeais têm quatro pontos.
O final de um ciclo deixa sinais evidentes do seu fim. Tomando, por exemplo, as estações, o final da primavera é sinalizado pela diminuição da vitalidade das flores. Cada fase lunar é, igualmente, sinalizada, pois as fases de um ciclo não se encerram e tampouco se iniciam de forma abrupta.
 O relato da criação chama atenção para a questão dos ciclos ao narrar que Deus criou em sete dias. O relato bíblico deixa evidente que a criação se deu num ciclo setenário.


Estudo baseado nas traduções de Haroldo Dutra que estão disponíveis em formato de vídeo no youtube.
Imagem: Google.