domingo, 12 de julho de 2020

Gênesis sob a ótica Espírita Parte 5

Esta será uma série de textos que iremos publicar baseados nos estudos e traduções que nosso amado Haroldo Dutra está realizando, enriquecendo grandemente a literatura espírita. Peço de antemão, que tenham a mente aberta para a leitura, e abracem com o coração estes ensinamentos aqui descritos. Boa Leitura!!



A celebração do TEMPO pelos judeus

Alguns especialistas em cultura judaica dizem que a religião hebraica tem uma característica peculiar: a união da crença no Deus único à celebração do tempo. Tempo é vital na tradição hebraica.
Sendo a bíblia de autoria do povo hebreu e sendo esse o espaço cultural que Jesus escolheu para encarnar, é imprescindível o estudo da cultura judaica e, neste caso, o estudo da forma como os judeus dividem o tempo a fim de ser celebrado, sob pena de se deixar passar aspectos relevantes do evangelho e sobretudo das profecias.
Inicialmente, destaca-se que a semana não transcorre em vão para os judeus. Todas as semanas, no sétimo dia, os judeus param para orar e refletir nos textos sagrados. Chegaram a ser advertidos por Jesus neste ponto, tamanho o radicalismo com que se entregavam a esta regra. Mas a ideia é o afastamento do mundo material e a dedicação exclusiva ao mundo íntimo, buscando-se na introspecção a comunhão com Deus.
Os judeus tinham uma ideia nítida de ciclos, porque percebiam que a cada sete dias um ciclo terminava e outro se iniciava, impondo-se uma postura contemplativa, representada pelo afastamento das coisas materiais, para que o novo período se iniciasse em comunhão com Deus. Daí a razão da contemplação no Shabat.
O conhecimento destes aspectos é fundamental para a compreensão do Evangelho e mesmo das profecias, porque toda a Bíblia é permeada de referências sobre ciclos de sete dias, e Emmanuel faz igualmente muita referência a dias.
As celebrações festivas, os memoriais de eventos significativos, a recordação de passagem sagrada são formas de atualizar a experiência religiosa, como se os registros históricos que deram origem a determinada celebração estivessem acontecendo no momento atual. Por isso, a temporalidade é fundamental para o povo judeus, pois trata de datas e situações que estão na sua gênese.
A celebração do tempo pelo povo hebreu, além dos sábados, se verifica em períodos que são divisores de sete
Primeira festa, a Pascoa (Pessach)[1], no décimo quarto dia do primeiro mês, do calendário hebraico.
Segunda festa, a festa dos pães ázimos ou asmos [2] (pão sem fermento), no dia seguinte a pascoa e que durava 7 dias.
 Terceira festa, a festa das Primícias[3], integrando uma Tríade, pois entende-se que as festas se iniciavam com a Páscoa, seguida os Pães ázimos e em seguida (Domingo) as Primícias.
Quarta festa, Pentecoste[4], que acontece 7 semanas após a páscoa. (Nota-se que inicialmente os intervalos eram marcados por dias. A partir de agora, os intervalos são marcados por semanas).
Quinta festa, acontece no primeiro dia do sétimo mês, festa das Trombetas[5], é o toque da trombeta.  (Os intervalos agora são marcados por meses).
Sexta festa, no decimo dia, do sétimo mês, Yom Kipur[6].
Sétima festa, ocorre no decimo quinto dia, do sétimo mês, a festa SUCOT[7], também conhecida como tabernáculos ou tendas.
Esta forma milenar dos judeus em celebrar o tempo e os ciclos permeiam todas as profecias de Daniel e de João, no Apocalipse, e as profecias de Jeremias, Joel ou qualquer outro profeta, cujos textos têm aspectos metafóricos e simbólicos, os quais estão relacionados a ciclos e não a acontecimentos. 
Muitos intérpretes das profecias buscam associar os símbolos com acontecimentos, mas os acontecimentos são, na verdade, ocorrências que se verificam em ciclos evolutivos. Os acontecimentos são apenas uma consequência. Por exemplo, a primeira e a segunda guerra mundial estão dentro de um ciclo que está descrito no Apocalipse. O ciclo é que está descrito, a qualidade do ciclo é que está descrita, a finalidade da experiência está descrita, a advertência está escrita, mas o acontecimento não está. Outro exemplo, os Quatro Cavaleiros do Apocalipse indicam que, cada um dos Cavalheiros, correspondem a um ciclo. Dentro deste ciclo há vários acontecimentos que preenche esse símbolo. Portanto, se as profecias descrevem ciclos é claro que ela tem uma base matemática, e com razão, porque os ciclos são astronômicos, descrevem o movimento dos corpos celestes. Isto está na mensagem do Espírito Arago, no décimo oitavo capítulo, item 8, da Gênese, de Allan Kardec. Por isso que os espíritos superiores ao afirmarem que os tempos são chegados, não estão dizendo isso aleatoriamente, mas o fazem considerando um conjunto macrocósmico que os permite dizer.
Conclui-se, assim, que metaforicamente, simbolicamente, a espiritualidade criou o quadro de análise setenário dos ciclos, chamado de Shavua, que significa semana, e, em Hebraico, representa o sete. E, o texto bíblico, no quarto dia, descreve a criação do sol, da lua e dos luminares, para marcar os tempos, os sinais, as estações e para ciclos.

[1]Páscoa é a festa que marca o início do calendário bíblico de Israel e delimita as datas de todas as outras festas na Bíblia. Páscoa significa literalmente “passagem” (pois o Senhor “passou” sobre as casas dos filhos de Israel, poupando-os. Ex 12:27). Na cultura hebraica, é uma FESTA instituída por Deus como um memorial para que os filhos de Israel jamais se esquecessem que foram escravos no Egito, e que o próprio Deus os libertou com mão poderosa, trazendo juízo sobre os deuses do Egito e sobre Faraó. (Ex 12). Páscoa fala de memória, de identidade. O povo de ISRAEL foi liberto do Egito para poder servir a Deus e ser luz para as nações. Páscoa é uma FESTA instituída para que jamais ISRAEL se esquecesse quem foi, quem é e o que deve ser.
[2]Naquela época o fermento era algo bem diferente daquele que temos hoje em nossas casas. O fermento era produzido por meio da mistura de água à farinha de trigo que era deixada ao ar livre, o que, depois de alguns dias, provocava a fermentação1. Para acelerar o processo, essa massa levedada era guardada em casa e misturada à massa nova, quando se fosse fazer pão. Curiosamente, o fermento, ou pelo menos o seu uso para fazer pão, foi uma descoberta dos egípcios2. Assim, podemos entender que essa festa foi instituída para marcar claramente a saída de Israel do Egito. Israel deveria ser uma nova massa, o fermento do Egito deveria ser deixado para trás. A dramatização ensinava uma importante lição. O fermento representava a idolatria e a influência do Egito, que deviam ser deixadas para trás, mas ainda estavam presentes na vida dos israelitas e deviam ser cuidadosamente localizadas e eliminadas.
[3]Essa era a terceira festa da primavera e, como as outras duas, era uma representação da redenção. A Festa das Primícias possuía um sentido espiritual. Israel apresentava feixes de cereais novos, uma oferta que trazia em seu cerne sinais de esperança de uma nova vida. No sétimo mês do calendário agrícola, na primavera, quando as plantações demonstravam os primeiros sinais de amadurecimento, o agricultor israelita ceifava o primeiro feixe de cereal maduro de sua colheita e o levava ao sacerdote.
[4]Pentecostes é histórica e simbolicamente ligado ao festival judaico da colheita, que comemora a entrega dos Dez Mandamentos no Monte Sinai cinquenta dias depois do Êxodo
[5]A Festa das Trombetas (toca-se o Shofar) é tempo de descanso solene, no qual as trombetas são tocadas a fim de reunir o povo de Israel para o alertar a respeito da proximidade do Dia da Expiação (Yom Kippur), que representa um dia de juízo onde se exige preparação e solenidade.
[6]Os judeus dedicam esse dia, chamado dia do perdão, ao arrependimento e expiação dos pecados. De modo geral, levantam bem cedo, antes do nascer do sol, e recitam orações e cânticos de arrependimento que expressam a profunda tristeza que cada indivíduo e toda coletividade tem pela fraqueza e pelos pecados que eles cometeram. Não há nenhuma outra nação que gaste dez dias meditando acerca da expiação e perdão dos pecados como a nação de Israel.
[7]A festa dos Tabernáculos ou Festa da Colheita era originalmente uma festa agrícola, assim como a Páscoa e Pentecoste. É-lhe atribuída um significado histórico: a lembrança da peregrinação pelo deserto e o sustento pelo Senhor. A fragilidade das tendas que o povo construía era uma lembrança da fragilidade do povo quando peregrinava os 40 anos no deserto a caminho da Terra Prometida

Criação dos seres aquáticos e das aves GN 1, 20 - 23)


20 E Deus disse: Fervilhem as águas com um fervilhar de viventes, e voem os pássaros sobre a terra diante da abóbora do céu. 21 E Deus criou os cetáceos e os viventes que nadam e que a água fez fervilhar segundo suas espécies, e as aves aladas segundo suas espécies. E Deus viu que era bom. 22 E Deus os abençoou dizendo: Crescei e multiplicai-vos, enchei as águas do mar; que as aves se multipliquem na Terra. 23.Passou uma tarde, passou uma manhã: o quinto dia.


O livro Evolução em dois mundos, capítulo terceiro, primeira parte, psicografia de Chico Xavier, ditado pelo espirito André Luiz, discorre sobre a evolução do corpo espiritual e revela o início da trajetória evolutiva do princípio inteligente na Terra, que se iniciou justamente no oceano.
Descreve o texto:
A imensa fornalha atômica estava habilitada a receber as sementes da vida e, sob o impulso dos Gênios Construtores, que operavam no orbe nascituro, vemos o seio da Terra recoberto de mares mornos, invadido por gigantesca massa viscosa a espraiar-se no colo da paisagem primitiva. Dessa geleia cósmica, verte o princípio inteligente, em suas primeiras manifestações.... Trabalhadas, no transcurso de milênios, pelos operários espirituais que lhes magnetizam os valores, permutando-os entre si, sob a ação do calor interno e do frio exterior, as mônadas celestes exprimem-se no mundo através da rede filamentosa do protoplasma de que se derivaria a existência organizada no Globo constituído. Séculos de atividade silenciosa perpassam, sucessivos...
Na Questão 607a, do Livro dos Espíritos, a espiritualidade superior revela:
Na natureza tudo se encadeia e tende para a unidade. Nos seres inferiores da criação, cuja totalidade estais longe de conhecer, é que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e se ensaia para a vida, conforme acabamos de dizer. É, de certo modo, um trabalho preparatório, como o da germinação, por efeito do qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito. Entra então no período da humanização, começando a ter consciência do seu futuro, capacidade de distinguir o bem do mal e a responsabilidade dos seus atos. Assim, à fase da infância se segue a da adolescência, vindo depois a da juventude e da madureza. Nessa origem, coisa alguma há de humilhante para o homem. Sentir-se-ão humilhados os grandes gênios por terem sido fetos informes nas entranhas que os geraram? Se alguma coisa há que lhe seja humilhante, é a sua inferioridade perante Deus e sua impotência para lhe sondar a profundeza dos desígnios e para apreciar a sabedoria das leis que regem a harmonia do Universo. Reconhecei a grandeza de Deus nessa admirável harmonia, mediante a qual tudo é solidário na Natureza. Acreditar que Deus haja feito, seja o que for, sem um fim, e criado seres inteligentes sem futuro, fora blasfemar da Sua bondade, que se estende por sobre todas as suas criaturas.
Nota-se, por estes registros, um elo harmônico entre o relato da criação no texto bíblico e a revelação dos espíritos retratada na obra de Allan Kardec.
Observa-se que o autor no texto de Gênesis, no relato da criação, fez questão de apontar a existência de uma ordem no processo divino da criação, ritmada por uma sequência. É uma característica de toda obra divina perfeitamente perceptível na natureza.
Assim, a semente lançada ao solo segue uma sequência – jamais alterada – até o aparecimento do fruto. De igual forma, esse ritmo sequencial também ditou o processo de criação do planeta Terra.
 No início, o caos, depois, a ordem no caos, em seguida, a separação dos fluídos, com a formação das águas dos mares e dos oceanos, depois, a terra firme, com a formação dos continentes. Surge, em sequência, o reino vegetal, com toda sua riqueza, suas funções bioquímicas tão importantes à qualidade ambiental. Seguindo a ordem, surgem os fenômenos celestes, as estrelas, o sol e a lua, como marcadores de tempo, de ciclos e fases. Em seguida, a vida animal surge no planeta; primeiro, se manifestando nos animais aquáticos e marinhos, depois, nos animais terrestres, para se concluir no homem. A cada ser foi comissionado uma tarefa e, ao homem, a tarefa de tudo cuidar. Eis a sequência da criação divina.



Estudo baseado nas traduções de Haroldo Dutra que estão disponíveis em formato de vídeo no youtube.
Imagem: Google.

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