Mediunidade - Conceito e Tipos
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Mediunidade - Conceito:
Lamartine Palhano Jr. em seu "Dicionário de
Filosofia Espírita", conceitua mediunidade como sendo uma faculdade
inerente ao homem que permite a ele a percepção, em um grau qualquer, da
influência dos Espíritos. Não constitui privilégio exclusivo de uma ou outra
pessoa, pois, sendo uma possibilidade orgânica, depende de um organismo mais ou
menos sensitivo.
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Mediunismo:
Alexander Aksakof, em 1.890, empregou o termo
mediunismo para designar o uso das faculdades mediúnicas. A prática do
mediunismo não significa que haja prática de Espiritismo propriamente dito,
visto que a mediunidade não é propriedade do Espiritismo.
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Mediunato:
Missão mediúnica da qual está investido um médium.
Esta expressão foi criada pelos próprios Espíritos: "Deus me encarregou de
desempenhar uma missão junto aos crentes a quem ele favorece com o
mediunato" - Joana d’Arc (Capítulo XXXI, comunicação XII, em "O Livro
dos Médiuns" de Allan Kardec.
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Médium:
(Do latim: medium = meio; intermediário;
medianeiro). Pessoa que pode servir de intermediário entre os Espíritos e os
homens; aquele que em um grau qualquer sente a influência dos Espíritos de modo
ostensivo.
Como já foi mencionado, todo aquele que sente, num
grau qualquer, a influência dos Espíritos, é, por esse fato, médium. Essa
faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, privilégio exclusivo,
donde se segue que poucos são os que não possuem um rudimento dessa faculdade.
Pode-se, pois, dizer que todos são, mais ou menos, médiuns. Todavia,
usualmente, assim só se qualificam aqueles em que a faculdade mediúnica se
mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa
intensidade, o que então depende de uma organização mais ou menos sensitiva.
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A Predisposição Mediúnica:
A predisposição mediúnica independe do sexo, da
idade e do temperamento, bem como da condição social, da raça, da cultura, da
religião, da inteligência e até mesmo das qualidades morais. Todavia, quanto
mais elevado for moralmente o médium, melhor instrumento este se tornará à
Espiritualidade.
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O Desenvolvimento da Faculdade
Mediúnica:
O desenvolvimento da faculdade mediúnica depende da
natureza mais ou menos expansiva do perispírito do médium e da maior ou menor
facilidade da sua assimilação pelo dos Espíritos; depende, portanto, do
organismo e pode ser desenvolvida quando exista o princípio; não podendo,
consequentemente, quando o princípio não existe.
As relações entre os Espíritos e os médiuns se
estabelecem por meio dos respectivos perispíritos, dependendo a facilidade
dessas relações do grau de afinidade existente entre os dois fluidos. Alguns há
que se combinam facilmente, enquanto outros se repelem, donde se segue que não
basta ser médium para que uma pessoa se comunique indistintamente com todos os
Espíritos.
Combinando os fluidos perispiríticos os Espíritos
não só transmitem aos médiuns seus pensamentos, como também chegam a exercer
sobre eles uma influência física, fazem-nos agir e falar à sua vontade.
Todavia, a elevação moral do médium e seu controle sobre a faculdade que possuí
impedirá que os Espíritos inferiorizados se adonem da sua faculdade e
paralisem-lhe o livre arbítrio.
Podem os espíritos manifestar-se de uma infinidade
de maneiras, mas não o podem senão com a condição de acharem uma pessoa apta a
receber e transmitir impressões deste ou daquele gênero, segundo as aptidões
que possua. Da diversidade de aptidões decorre que há diferentes espécies de
médiuns.
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Mediunidade – Classificação segundo
seus Efeitos:
Os fenômenos dos efeitos mediúnicos podem ser de
duas ordens:
1. – Fenômenos de Efeitos Materiais, Físicos ou
Objetivos:
São os que sensibilizam diretamente os órgãos dos
sentidos dos observadores. Podem se apresentar sob variadas formas, tais como:
·
Materialização – de objetos, de Espíritos, etc.
·
Transfiguração – modificação dos traços fisionômicos do próprio médium.
·
Levitação – erguimento de objetos e/ou pessoas, contrariando a Lei da Gravidade.
·
Transporte – entrada e saída de objetos de recintos hermeticamente fechados.
·
Bilocação ou
Bicorporiedade – aparecimento do Espírito do médium
desdobrado sob forma materializada, em lugar diferente ao do corpo.
·
Voz Direta – vozes dos Espíritos que soam pelo ambiente, independentemente do
médium (em termos), através de uma garganta ectoplasmática. Vide ao final
significado de ectoplasma.
·
Escrita Direta – Palavras, frases, mensagens, escritas sem a utilização da mão do
médium.
·
Tiptologia – Sinais por pancadas formando palavras e frases inteligentes.
·
Sematologia – Movimento de objetos sem contato físico, traduzindo uma vontade, um
sentimento, etc.
1. Fenômenos de Efeitos Intelectuais ou Subjetivos:
São os que ocorrem na esfera subjetiva, não ferindo os cinco sentidos, senão a racionalidade e o intelecto. Podem se apresentar das seguintes formas:
·
Intuição – Uma modalidade de telepatia, quando a transmissão do pensamento se dá
por meio do Espírito do médium, ou melhor de sua alma. Ela recebe o pensamento
do Espírito que se manifesta e o transmite. Nessa situação o médium tem
consciência do que fala ou escreve, embora não exprima o seu próprio
pensamento.
·
Vidência – Faculdade anímica ou mediúnica que
permite a uma pessoa perceber imagens da vida espiritual, e mesmo da vida
corpórea, independentemente do tempo e da distância.
·
Audiência – Da mesma forma, faculdade anímica ou mediúnica que permite a uma
pessoa escutar os sons do mundo espiritual.
·
Desdobramento – Estado no qual o Espírito do
percipiente desloca-se e vai até outros lugares, distantes ou não, fora da
dimensão tempo/espaço, e descreve o que vê e o que faz.
·
Psicometria – Faculdade que tem o médium de estabelecer contato com toda a vida
psíquica de alguém, coisa ou ambiente, podendo perscrutar o passado, o presente
e o futuro, bastando para isso que entre em contato com o nome ou um objeto
relacionado.
·
Psicografia – É a escrita sob a influência dos Espíritos. Os Espíritos escrevem,
impulsionando a mão do médium, seja por uma forte intuição, por um controle
parcial do centro motor e com ciência do médium ou por uma ação mecânica
absoluta.
·
Psicofonia – Fenômeno mediúnico que, associado ou não a outras modalidades da
mediunidade, possibilita a um Espírito falar através do aparelho fonador do
médium
À generalidade destes dois últimos tipos de
fenômenos intelectuais (psicografia e psicofonia) tem-se denominado vulgarmente
de "Incorporação Mediúnica". Ressalte-se, todavia, que não ocorre a
"introdução" do Espírito no corpo do médium, mas, sim, uma associação
de seus fluidos com os do médium, resultantes das faixas vibratórias em que se
encontrem e que pela lei de sintonia e da assimilação se identificam formando
um complexo - Emissor - (Espírito – desencarnado) e Receptor (médium).
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Classificação dos Médiuns:
Inicialmente, podemos classificar os médiuns em:
Médiuns Facultativos ou Voluntários
Médiuns Naturais ou Involuntários
1. – Médiuns Facultativos ou Voluntários:
Só se encontram entre pessoas que tem
conhecimento mais ou menos completo dos meios de comunicação com os Espíritos,
o que lhes possibilita servir-se, por vontade própria, de suas faculdades. Não
que realizem quando queiram os fenômenos, pois sem a vontade do Espírito que se
irá comunicar nada conseguirão, porém, são senhores da faculdade que possuem,
não permitindo que se dêem comunicações extemporâneas e em momentos impróprios.
Sabem que possuem a faculdade e se predispõem ao intercâmbio com o mundo dos
Espíritos.
2. – Médiuns Naturais ou Involuntários:
Também denominados "Inconscientes", pelo
Codificador, por não terem consciência da faculdade que possuem. São aqueles
cuja influência se exerce a seu mau grado. Existem entre as pessoas que nenhuma
idéia fazem do Espiritismo, e nem dos Espíritos, até mesmo entre as mais
incrédulas e que servem de instrumento, sem o saberem e sem o quererem. .
Os fenômenos espíritas de todos os gêneros podem
operar-se por influência destes últimos, que sempre existiram, em todas as
épocas e no seio de todos os povos. A ignorância e a credulidade lhe atribuíram
um poder sobrenatural e, conforme os tempos e os lugares, fizeram deles santos,
feiticeiros, loucos ou visionários. O Espiritismo mostra que com eles, apenas
se dá a manifestação espontânea de uma faculdade natural.
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Classificação Geral dos Médiuns:
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Médiuns de Efeito
Físicos - São os mais aptos,
especialmente, à produção de fenômenos materiais, como movimentos de corpos
inertes, os ruídos, a deslocação, o levantamento e a translação de objetos,
etc. Sempre neste fenômenos há o concurso voluntário ou involuntário de médiuns
dotados de faculdades especiais.
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Médiuns Sensitivos
ou Impressivos - São pessoas suscetíveis de pressentir a presença dos Espíritos, por
impressão vaga, como ligeiro atrito em todos os membros, fato que não logram
explicar. Tal sutileza pode essa faculdade adquirir; que aquele que a possui
reconhece, pela impressão que experimenta, não só a natureza, boa ou má, do
Espírito que lhe está ao lado, mas também a sua individualidade.
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Médiuns Audientes - São médiuns que ouvem os Espíritos.
Algumas vezes é como se escutassem uma voz interna que lhes ressoasse no foro
íntimo; doutras vezes, é uma voz exterior, clara e distinta como a de uma
pessoa viva.
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Médiuns
Psicofônicos ou Falantes - É a faculdade que permite aos Espíritos, utilizando
os órgãos vocais do encarnado, transmitirem a palavra audível a todos que
presentes se encontrem.
É a faculdade mais freqüente em nosso movimento e
possibilita o intercâmbio com o mundo extracorpóreo.
É através dela que os desencarnados narram, quando
podem/desejam, os seus aflitivos problemas, recebendo dos orientadores, em nome
da fraternidade cristã, a palavra do esclarecimento e da consolação.
O pensamento do Espírito antes de chegar ao cérebro
físico do médium, passa pelo cérebro perispirítico, resultando disso a
propriedade que tem o medianeiro, "em tese" de fazer ou não fazer o
que a entidade pretende.
Também os Mentores Espirituais, Espíritos
trabalhadores da grande Seara do Pai, utilizam esta possibilidade de intercâmbio
para esclarecerem, orientarem, confirmando a continuidade do labor nas duas
esferas da vida.
Obs: - Os médiuns falantes, de maneira geral são intuitivos ou conscientes, sendo o intérprete ou mensageiro. O
estilo, o vocabulário, a construção das frases são suas, mas a idéia é
do Espirito.
Os médiuns psicofônicos semiconscientes conservam o estilo e a idéia do Espírito
que se comunica e nos, psicofônicos inconscientes, geralmente se
exprime sem ter consciência do que diz e muitas vezes diz coisas completamente
estranhas às suas idéias habituais, aos seus conhecimentos e, até, fora do
alcance de sua inteligência. Embora se ache perfeitamente acordado e em estado
normal, raramente guarda lembrança do que diz.
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Médiuns Videntes - São dotados da faculdade de ver os
Espíritos. Alguns gozam dessa faculdade em estado normal, quando perfeitamente
acordados e conservam lembrança precisa do que viram. Outros só a possuem em
estado sonambúlico, ou próximo do sonambulismo. É raro esta faculdade
permanecer por muito tempo; quase sempre é efeito de uma crise passageira.
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Médiuns
Sonambúlicos - Nesta ordem, são duas as categorias de fenômenos que freqüentemente se
acham reunidos:
a) Quando o sonâmbulo age sob a influência do seu
próprio Espírito; é sua alma que, nos momentos e emancipação, vê, ouve e
percebe, fora dos limites dos sentidos. O que ele externa tira-o de si mesmo;
são idéias suas, em geral, mais justas do que no estado normal, seus
conhecimentos estão mais dilatados, porque tem livre a alma.
b) Como médium, ao contrário, é instrumento de uma
inteligência estranha; é passivo e o que diz não vem de si. O médium
sonambúlico, em estado de emancipação da alma pode facultar a comunicação.
Muitos sonâmbulos vêem perfeitamente os Espíritos e os descrevem com tanta
precisão, como médiuns videntes. Podem confabular com eles e transmitir-nos
seus pensamentos. O que dizem, fora do âmbito de seus conhecimentos pessoais,
lhes é com freqüência sugerido por outros Espíritos.
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Médiuns Curadores - Este gênero de mediunidade consiste,
principalmente, no dom que possuem certas pessoas de curar pelo simples toque,
pelo olhar, mesmo por um gesto, sem o concurso de qualquer medicação. Exemplo
maior Jesus. Geralmente a faculdade é espontânea e, embora haja a utilização do
fluido magnético, alguns médiuns curadores jamais ouviram falar do magnetismo.
Ex: - benzedeiras.
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Médiuns
Pneumatógrafos - Dá-se este nome aos médiuns que têm aptidão para obter a escrita direta.
Esta faculdade é bastante rara. Desenvolve-se pelo exercício; mas sem utilidade
prática. Se limita a uma comprovação patente da intervenção de uma força oculta
nas manifestações.
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Médiuns Escreventes
ou Psicógrafos – São os médiuns aptos a receber a comunicação dos Espíritos através da
escrita. Como afirma Allan Kardec, "de todos os meios de comunicação, a
escrita manual é o mais simples, o mais cômodo e, sobretudo o mais
completo". Para eles devem tender todos os esforços, porquanto permite se
estabeleçam, com os Espíritos, relações tão continuadas e regulares, como as
que existem entre nós. Deve ser desenvolvido com muita responsabilidade pois é
através dessa faculdade que os Espíritos revelam melhor sua natureza e o grau
do seu aperfeiçoamento, ou a sua inferioridade. Para o médium, a faculdade de
escrever é, além disso, a mais suscetível de desenvolver-se pelo exercício e
proporciona a todos um exame acurado e minucioso da mensagem recebida.
Os médiuns psicógrafos podem ser classificados em:
a) Médiuns Mecânicos – O Espírito atua diretamente sobre
a mão do médium, impulsionando-a. O que caracteriza este gênero de mediunidade
é a inconsciência absoluta, por parte do médium, do que sua mão escreve. Ela se
move sem interrupção, enquanto o Espírito tem alguma coisa que dizer, e para,
assim que ele acaba. Neste tipo de mensagem, a escrita vem antes do pensamento.
b) Médiuns Intuitivos – Neste caso, o Espírito não atua
sobre a mão para movê-la, mas, atua sobre a alma do médium, identificando-se
com ela e imprimindo-lhe sua vontade e suas idéias. A alma recebe o pensamento
do Espírito comunicante e o transcreve. Nesta situação, o médium escreve
voluntariamente e tem consciência do que escreve, embora não grafe seus
próprios pensamentos. Podemos dizer, que nestes casos, o pensamento vem antes da
escrita.
c) Médiuns
Semimecânicos – Também denominados Semi-intuitivos. Eles sentem que, à sua mão uma
impulsão é dada, mau grado seu, mas, ao mesmo tempo, têm consciência do que
escrevem, à medida que as palavras se formam. Neste casos, o pensamento acompanha
as palavras.
·
Médiuns Polígrafos – São aqueles cuja escrita se
modifica em decorrência do Espírito que se comunica, ou que são aptos a
reproduzir a escrita que o Espírito tinha em vida.
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Médiuns Iletrados – Os que escrevem como médiuns, sem saber ler, nem escrever, no estado
ordinário. Muito raros; mais que os anteriores.
·
Médiuns Poliglotas
ou Xenoglotas – São aqueles que escreve ou falam,
sob a influência dos Espíritos, em idiomas que lhe são desconhecidos.
Bibliografia:
O Livro dos Médiuns – Allan Kardec – Segunda Parte, capítulos II, III, IV, V, IX, X, XI, XII, XIII e XV.
No Invisível – Léon Denis – capítulos XVI à XVIII.
O Fenômeno Espírita – Gabriel Delanne – Segunda parte, capítulo I.
Estudando a Mediunidade - Martins Peralva.
Apostila do COEM – Centro de Orientação e Educação Mediúnica – do Centro Espírita Luz Eterna – Primeira, Segunda e Quarta Sessões Teóricas – Mediunidade – Conceito – Classificação e Dos Médiuns.
Dicionário de Filosofia Espírita – Lamartine Palhano Jr.