terça-feira, 27 de agosto de 2019

Diferentes visões sobre Jesus - Como ser cristão num mundo de miséria


Diferentes visões sobre Jesus

Como ser cristão num mundo de miséria

             O impressionante número de dois bilhões de pessoas, um terço da população terrestre, declara-se cristão. São quase dois mil anos de difusão dos princípios evangélicos e da estruturação dos princípios evangélicos. O palco religioso floresceu avantajadamente na Europa e dominou as Américas. Penetrou com dificuldade no oriente, mas tem seu centro de poder, ainda hoje, nas grandes megalópoles Europeias e no norte americano, seja no paradigma católico, seja nos ramos protestantes. E apesar da crucificação, ausência de violência e o amor como tema central, leva qualquer critico poder indagar, de fato, o cristianismo está triunfando como religião do homem? Que espécie de cristão é? Será uma utopia bem fundida e vendida? Onde encontrar competição capitalistas onde o lucro está sempre acima do humano? Afinal o que é ser cristão, socialmente falando?
                Para saber o que é ser cristão não se pode valorizar primordialmente o Pentateuco, os profetas, as epístolas universais e ate mesmo os evangelhos. Embora esses livros possam dar testemunhos engajados do ser cristão, o diferencial estar na figura humana, papável, histórica e não mitológica, concreta, de Jesus Cristo.
                Ser cristão é ter Jesus como norma da própria vida, mister se faz conhecê-lo e segui-Lo. Que fez Jesus socialmente falando?

Um pouco de historia:
                Desde 538 A.C, os judeus sofriam severas invasões dos povos vizinhos. O auge da dramaticidade política deu-se em 64 a.C, com a invasão do império romano. A economia foi destruída. Uma região pesqueira e agrícola sofreu mais intensamente com alta carga tributária. Zelotas, membros da esquerda nacionalista radical faziam uma política terrorista: assassinar os colaboracionistas judeus e os invasores romanos.
                Nascendo no auge da efervescia apocalíptica, Jesus apiedou-se da multidão, que andava aflita com ovelhas sem pastor (MT. 9:35-36). Fracos e enfermos, pobres e desprotegidos tinham tranqüilo acesso e ganhavam intimidade. Junto dele um estrangeiro herege, o bom samaritano, foi a explicação máxima do que é amor ao próximo, suspendendo qualquer divisão reinante. Lutou pela superioridade do homem diante de qualquer legalismo fanático e a lei e todas e suas convenções sociais só servem para ajudar o homem (curou no sábado) e não para sufocá-lo. Questionou tacitamente as instituições que não cumpriam com suas funções (o templo). Falou contra acumulação egoísta do capital, atingido os ricos proprietários (AT. 11:8), acusou aqueles que são chamados benfeitores do povo, mas que tiranizam a multidão (LC. 22;25) e chamou a autoridade Herodes, desrespeitosamente de raposa (LC. 13:32). Não foi manso nem diplomata. Nada de serenidade romântica. Combateu e polemizou. Não temeu os que só podem contra o corpo e nada podem contra a alma. Jamais foi um bom burguês.

Religião nem sempre alienação

              Embora a consistente critica de alguns a religião, Jesus Cristo não fez de sua religiosidade uma alienação, um narcótico doce, porem trágico. Seu protesto não foi inútil porque embora não tenha tido com foco a sociedade, olhou pra o homem com agente modificador de si e de seu entorno sem qualquer conformação cômoda ou espera ilusória do reino de Deus. O próximo, do amai ao próximo, é tanto o individuo com o coletivo, é a mulher siro-fenícia, mas também os leprosos, os mendigos, as adulteras, a população.
                A herança do século XX é indigesta. Duas grandes guerras mundiais produziram 75 milhões de vitimas. A fome, hoje, atinge a escandalosa cifra de mais de 800 milhões de pessoas, 1,2 bilhões carece de água potável: 2,4 bilhões não têm acesso a sistemas de tratamento aquífero. A educação, segundo recente declaração da UNESCO, é dramática: 20 milhões de jovens da America Latina trabalham na infância inteira e não puderam educar-se formalmente.
                O processo de favelização está prestes a atingir 1\5 da população mundial. Os únicos privilegiados são os mercados, o lucro, o capital financeiro. O abismo entre pobres e ricos é cada vez mais sombrio. E justamente, nesta hora, talvez a voz de todos os ateístas, levantam-se para indagar onde está o amor ao próximo como a si mesmo destes dois bilhões de cristãos? Será que não conseguem fazer um cristianismo digno?  Para os cristãos, o cristianismo é mais uma mera utopia romântica e alucinatória? Alguém um dia afirmou que o único cristão morreu na cruz. Será?
                Não se trata apenas de solidariedade e justiça. É preciso que os cristãos repudiem tacitamente esse sistema econômico. Político. Social. Porque a desgraça da situação humana é contra o evangelho e contra o próximo.

Questionar é revolucionar?

                A pobreza, como muito se pregou em púlpitos e altares, não está atrelada a preguiça. Nem é, como se atenuou, uma etapa do processo de desenvolvimento do sistema capitalista. Ela é uma necessidade para manter os países ricos e suas finíssimas cotas de privilegiadas monetárias. Ela jamais devera deixará de existir. Religiosidade, por si, a pobreza não tem valor algum. É um mal que humilha o homem, o homem e Deus. O homem foi feito senhor e não escravo da terra. A pobreza desumaniza a todos. Os ricos, porque precisa da exploração do pobre e são levados a crer que o pobre é um peso sobrante na historia, e os pobres, por que os leva a não se realizarem pessoalmente e a odiarem o sistema e os ricos.
                A questão, como muitos afirmam, não está somente no uso do voto consciente nas compreensões de uma republica e uma democracia, nos trabalhos assistencialistas e assistenciais que desejam atender as necessidades urgentíssimas da grande massa excluída. É preciso que o cristão, como fez Jesus, questione os valores legalistas do próprio homem. Além de colocar em cheque o sistema, engajar-se ativamente, demonstrando o total repúdio á exploração e à ausência de dignidade.
                Aprendeu-se que ser a favor do homem e ser questionado são ser agitador, revolucionário, de esquerda e até socialista. Embora, de fato, sacudam-se as oposições, é preciso saber quem nos dirige. Socialismo, por exemplo, em sentido exato, significa estatização afetiva dos meios de produção, abolição da propriedade particular.
                O apóstolo Pedro manteve sua residência em Cafarnaum, Zaqueu, embora o arrependimento deu a metade de seus bens e permaneceu com a outra parte. Jesus não exigiu abolição da propriedade para segui-lo e não fez teoria econômica sobre os meios de produção. Haverá com maior ou menor frequência, identificação do cristão com meios partidários. Mas jamais será plena. Porque quem normatiza a ideologia do cristão é Jesus Cristo e não essa ou aquela teoria das ciências políticas.

O cristão Jesus

               Como não identificar novas raposas e não combatê-las, não ser amigo e efetivamente a favor da gigantesca massa de miseráveis? Como não se utilizar da religião como veemente protesto a exigir uma ética mundial, a construção do novo, não só teocentricamente, mas também antropocentricamente? Cair novamente em alienação? Virar as costas para o evangelho?
                O cristão deve, até tem obrigação, de tomar a frente das questões debatidas. Para a América latina nossa causa não é só a do estudo, não só a melhoria íntima. Não somente os irmãos mais próximos, mas a incontável multidão, explorada, sofredora, rechaçada de qualquer ínfima decência humana.
                Empenho, esforço, luta pelo ser humano, muito mais que pelas instituições.
                A medida e forma descobrirão cada cristão. Assim como de um, Jesus exigiu todos os bens (o moço rico), nenhum (os apóstolos), e ainda abençoou a doação da metade (o publicano Tadeu), a medida de autodoação pela causa do homem, que é certamente Divina, não é estabelecida por lei ou por critérios dogmáticos. Também de dar pelo gesto de dar; assim faziam os fariseus. Só há valor individual na caridade quando ela é feita pelo sentimento de amor que toma o cristão e não obrigação imposta como condição de salvação. Mais do que dar coisas. Dar a si.
                 Quando os discípulos, antes da multiplicação dos pães, disseram a Jesus que a multidão tem fome, antes do milagre, da surpresa, do alimento Divino, Jesus lhe respondeu: Dai-lhes vós mesmo o que comer. (MC. 6:37).
                O engajamento vai ser sempre dentro da suprema metodologia de Jesus: contestar utilizando-se do amor aos inimigos, do perdão das ofensas e da violência.

Jesus formador de marginais?

                O processo de institucionalização que se com Jesus De Nazaré, filho de mulher do povo, tornou-o distante de todos os nós. Aquilo que ainda hoje se apresenta como respeito e devoção, de fato, transformá-lo em tudo; não foi um mito inatingível, um ser mágico e milagroso. Exatamente o oposto do que Ele foi e É: O educador da humanidade. Mas por que o título de formador de marginais? Vocês podem me perguntar.
                Vou começar explicar, esclarecido o que significa ser marginal, palavra que assusta, principalmente numa sociedade tão padronizada e superficial com a nossa. Ser marginal é á margem da sociedade, quer dizer não adotar valores, normas, regras, podendo esta definição ser aplicada aqueles que não aceitam e que combatem os valores os costumes injustos de seu tempo. Nesse sentido, Jesus viveu completamente a margem da sociedade, distante das lutas do poder, dinheiro e satisfações materiais.
                Sua concepção de um Deus amoroso e da igualdade essencial entre todos os homens, seu convívio fraterno e amigo com aqueles que eram desprezados e descriminado, sua contestação veemente e enérgica contra os exploradores do povo, torna-O um individuo diferenciado, estranho e incompreendido pela maioria dos homens de Sua época e da atual.

Vamos agir:
                Sua atuação como educador revolucionário, ensina que a verdadeira situação é um processo educacional, no sentido de superação e animalidade, do orgulho e do egoísmo, do desenvolvimento do amor que nos leva agir com abnegação e sacrifício em beneficio do próximo e nos aproxima de Deus. Ensina, portanto, “a estarmos no mundo, sem sermos do mundo”, isto é, agirmos, atuarmos e transformarmos o mundo (com Ele fez) sem adotarmos os valores do mundo: A impiedade, a mentira, a acomodação...
                Seus seguidores, assim, estavam a margem do mundo antigo e estão á margem atual. Lutam, trabalham e sofrem pela construção de um novo mundo, como fizeram Comeniuns, Rosseau, Kardec e Gandhi, como devemos fazer todos.

Jesus e os jovens: do evangelho dos dias atuais

                A passagem na qual Jesus; aos 12 anos, é encontrado por seus pais dialogando com os doutores da lei num templo é muito ilustrativa para demonstrar o quanto é importante que os jovens encontrem ainda hoje, nos educandários espíritas, espaços em que são valorizados e ouvidos, a despeito de sua idade.Isto é importante, pois Lucas narra que ”Todos os que o ouviam se admiravam da sua inteligência e de suas resposta” (LC. 2:47). Ou seja, Cristo apesar de tão novo, já irradiava benefícios ao seu redor, contextualizando esse episodio para o momento atual, é muito enriquecedor constatar que jovens com muito preparo, seja moral, seja intelectual, têm chegado aos agrupamentos espíritas. Mas a pergunta é:
                As casas espíritas tem adotado um programa incluso do jovem, que permitam que ele expresse suas opiniões, vislumbre novos ângulos da casa, como por exemplo, as reuniões mediúnicas, ou mesmo que beneficie outros com toda bagagem espiritual, mediante proposta de debater?
                Pensar em um programa inclusivo do jovem no centro espírita é está em conformidade com o pressuposto educativos de Jesus. O próprio colégio apostólico foi composto por indivíduos jovens, a exemplo de João e Tiago, designados carinhosamente pelo Mestre de “folhos do trovão” (MC. 3:17). Ou seja, Jesus ao formar sua equipe, ou grupo dos 12, decide mesclar jovens com os mais experientes. Pode se depreender ai um primeiro momento de valorização da juventude. Alem disso, necessários é evidenciar o método de envolver e promover o jovem mediante a formação de equipes, onde os mais novos possam a conviver com os mais experientes e, sobre tudo aprender fazendo.
Acompanhar a maneira pela qual Jesus concebia o jovem, sobre tudo na figura de João, é evidenciar um modelo pedagógico que primava pelo respeito, pela valorização do individuo e pelo afeto qual o Mestre tratava o apostolo “muito amado”.
                Certa feita, João, em uma atitude intempestiva, possivelmente decorrente ainda de certa concepção institucionalista, aborda Jesus, e disse: ”Mestre, vimos um homem que em teu nome, expelia demônios, o qual não nos segue; e nós lhe proibimos por porque não seguia conosco (MC. 9: 39). Alem de orientar João de maneira assertiva, Jesus ilustra e esclarece o discípulo do porquê não realizar tal ato.
                A sensibilidade de Jesus é tanta face a situação que ele continua a ponderar seu interlocutor das causas de não proibir que outros cure em seu nome, possivelmente por compreender que João não tinha a experiência necessária para lidar com casos daquela ordem. Eis uns dos princípios da pedagogia de Jesus, intitulada pela espiritualidade “igualdade com singularidade”. Assim Jesus, busca contextualização o ensino a uma situação pessoal. “Pois quem não é contra nós, é por nós.” Porquanto aquele que vos der de beber um copo de água, em Meu Nome, por que sois de Cristo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão. (MC. 9: 41)

A juventude nos centros

                A afetividade no trato com o jovem pode ser vislumbrada ainda no episodio em que junto a cruz estavam a mãe de Jesus, a irmã dela, e Maria, mulher de Coplas, e Maria Madalena. Jesus vendo Sua mãe e junto dela o discípulo amado, disse: Mulher, eis ai teu filho. Dessa hora em diante o discípulo a tomou para casa (J 19:25 a 27). Deste modo, estariam dados os parâmetros para que os dirigentes espíritas pudessem pensar e repensar suas posturas face a questão da juventude em sua casa.
                Alguns desses princípios são:
                *Ser afetuoso e atencioso com o jovem e tratá-lo com um espírito munido de experiência milenar, não como uma criança, enfim, tratá-lo com o respeito que merece.
                *Delegar tarefas para que os jovens se sintam valorizados e, mais do que isso, acreditar neles.
                *Ouvir o que os jovens pensam a respeito da estrutura da casa espírita das atividades desenvolvidas etc...
                Incluir o jovem na dinâmica da casa e não somente deixá-lo isolados nas reuniões da mocidade.
                *Contextualizar o conhecimento espíritas á vida do jovem, seu momento e suas singularidades.
                A pedagogia espírita, ao valorizar o educando, neste caso o jovem, como um ser transcendente e dotado de experiências milenares, colabora para o rompimento da idéia, ainda vigentes em muitos educandários espíritas, normalmente para firmar a tese que ela ainda não está preparado para assumir responsabilidades. A pedagogia espírita, como o próprio Jesus, tem disse, tem que começar a incentivar o jovem, reconhecer a importância dele para o futuro.  

Jesus, nem Deus, nem homem comum

                Afinal quem é o espírito daquele que é considerado o Mestre dos mestres?
                As tradições das igrejas fizeram de Jesus um mito. Ele seria Deus encarnado na terra e com isso, seria impossível imitá-Lo seguir Seus passos, por que Deus é único, inimitável.
                Allan Kardec, porém mostrou no livro Obras Póstumas que Jesus nunca se declarou Deus, ao contrario, o titulo que se atribui constantemente era o de “Filho do homem” mostrando, com isso, a sua humanidade.
                Alguns então hoje em dia, como nos filmes a ultima tentação de Cristo ou O código da Vinci, querem dizer que Jesus era um homem como qualquer outro: Que teve relações sexuais com Maria Madalena, Que se enraivecia, tinha fraquezas, duvidas... Mas nada disso é comprovado Historicamente.
                Ocorre que a melhor explicação para a figura de Jesus é a visão espírita.
                Não se trata de Deus encarnado, por que Deus é infinito, imaterial, sustenta o universo infinito e nunca poderia se restringir num corpo humano, mas também não se trata de um homem comum. É um espírito muito superior, que já atinge um grau de perfeição do qual os seres humanos na terra ainda estão longe.


TEXTO ESCRITO PELO CENTRO ESPÍRITA LUZ DIVINA.
FOTO: GOOGLE.

Nenhum comentário:

Postar um comentário