Diferentes visões sobre
Jesus
Como ser cristão num mundo de miséria
O impressionante número de dois bilhões de
pessoas, um terço da população terrestre, declara-se cristão. São quase dois mil
anos de difusão dos princípios evangélicos e da estruturação dos princípios
evangélicos. O palco religioso floresceu avantajadamente na Europa e dominou as
Américas. Penetrou com dificuldade no oriente, mas tem seu centro de poder,
ainda hoje, nas grandes megalópoles Europeias e no norte americano, seja no
paradigma católico, seja nos ramos protestantes. E apesar da crucificação,
ausência de violência e o amor como tema central, leva qualquer critico poder
indagar, de fato, o cristianismo está triunfando como religião do homem? Que
espécie de cristão é? Será uma utopia bem fundida e vendida? Onde encontrar
competição capitalistas onde o lucro está sempre acima do humano? Afinal o que
é ser cristão, socialmente falando?
Para
saber o que é ser cristão não se pode valorizar primordialmente o Pentateuco,
os profetas, as epístolas universais e ate mesmo os evangelhos. Embora esses livros possam dar testemunhos
engajados do ser cristão, o diferencial estar na figura humana, papável,
histórica e não mitológica, concreta, de Jesus Cristo.
Ser
cristão é ter Jesus como norma da própria vida, mister se faz conhecê-lo e
segui-Lo. Que fez Jesus socialmente falando?
Um pouco de historia:
Desde 538 A.C, os judeus
sofriam severas invasões dos povos vizinhos. O auge da dramaticidade política
deu-se em 64 a.C, com a invasão do império romano. A economia foi destruída.
Uma região pesqueira e agrícola sofreu mais intensamente com alta carga
tributária. Zelotas, membros da esquerda nacionalista radical faziam uma
política terrorista: assassinar os colaboracionistas judeus e os invasores
romanos.
Nascendo
no auge da efervescia apocalíptica, Jesus apiedou-se da multidão, que andava
aflita com ovelhas sem pastor (MT. 9:35-36). Fracos e enfermos, pobres e
desprotegidos tinham tranqüilo acesso e ganhavam intimidade. Junto dele um
estrangeiro herege, o bom samaritano, foi a explicação máxima do que é amor ao
próximo, suspendendo qualquer divisão reinante. Lutou pela superioridade do
homem diante de qualquer legalismo fanático e a lei e todas e suas convenções
sociais só servem para ajudar o homem (curou no sábado) e não para sufocá-lo.
Questionou tacitamente as instituições que não cumpriam com suas funções (o
templo). Falou contra acumulação egoísta do capital, atingido os ricos
proprietários (AT. 11:8), acusou aqueles que são chamados benfeitores do povo,
mas que tiranizam a multidão (LC. 22;25) e chamou a autoridade Herodes,
desrespeitosamente de raposa (LC. 13:32). Não foi manso nem diplomata. Nada de
serenidade romântica. Combateu e polemizou. Não temeu os que só podem contra o
corpo e nada podem contra a alma. Jamais foi um bom burguês.
Religião nem sempre alienação
Embora
a consistente critica de alguns a religião, Jesus Cristo não fez de sua
religiosidade uma alienação, um narcótico doce, porem trágico. Seu protesto não
foi inútil porque embora não tenha tido com foco a sociedade, olhou pra o homem
com agente modificador de si e de seu entorno sem qualquer conformação cômoda
ou espera ilusória do reino de Deus. O próximo, do amai ao próximo, é tanto o
individuo com o coletivo, é a mulher siro-fenícia, mas também os leprosos, os
mendigos, as adulteras, a população.
A
herança do século XX é indigesta. Duas grandes guerras mundiais produziram 75
milhões de vitimas. A fome, hoje, atinge a escandalosa cifra de mais de 800 milhões
de pessoas, 1,2 bilhões carece de água potável: 2,4 bilhões não têm acesso a
sistemas de tratamento aquífero. A educação, segundo recente declaração da
UNESCO, é dramática: 20 milhões de jovens da America Latina trabalham na
infância inteira e não puderam educar-se formalmente.
O
processo de favelização está prestes a atingir 1\5 da população mundial. Os
únicos privilegiados são os mercados, o lucro, o capital financeiro. O abismo
entre pobres e ricos é cada vez mais sombrio. E justamente, nesta hora, talvez
a voz de todos os ateístas, levantam-se para indagar onde está o amor ao
próximo como a si mesmo destes dois bilhões de cristãos? Será que não conseguem
fazer um cristianismo digno? Para os
cristãos, o cristianismo é mais uma mera utopia romântica e alucinatória?
Alguém um dia afirmou que o único cristão morreu na cruz. Será?
Não se
trata apenas de solidariedade e justiça. É preciso que os cristãos repudiem
tacitamente esse sistema econômico. Político. Social. Porque a desgraça da
situação humana é contra o evangelho e contra o próximo.
Questionar é revolucionar?
A
pobreza, como muito se pregou em púlpitos e altares, não está atrelada a
preguiça. Nem é, como se atenuou, uma etapa do processo de desenvolvimento do
sistema capitalista. Ela é uma necessidade para manter os países ricos e suas
finíssimas cotas de privilegiadas monetárias. Ela jamais devera deixará de
existir. Religiosidade, por si, a pobreza não tem valor algum. É um mal que
humilha o homem, o homem e Deus. O homem foi feito senhor e não escravo da
terra. A pobreza desumaniza a todos. Os ricos, porque precisa da exploração do
pobre e são levados a crer que o pobre é um peso sobrante na historia, e os
pobres, por que os leva a não se realizarem pessoalmente e a odiarem o sistema
e os ricos.
A
questão, como muitos afirmam, não está somente no uso do voto consciente nas
compreensões de uma republica e uma democracia, nos trabalhos assistencialistas
e assistenciais que desejam atender as necessidades urgentíssimas da grande
massa excluída. É preciso que o cristão, como fez Jesus, questione os valores
legalistas do próprio homem. Além de colocar em cheque o sistema, engajar-se
ativamente, demonstrando o total repúdio á exploração e à ausência de
dignidade.
Aprendeu-se
que ser a favor do homem e ser questionado são ser agitador, revolucionário, de
esquerda e até socialista. Embora, de fato, sacudam-se as oposições, é preciso
saber quem nos dirige. Socialismo, por exemplo, em sentido exato, significa
estatização afetiva dos meios de produção, abolição da propriedade particular.
O
apóstolo Pedro manteve sua residência em Cafarnaum, Zaqueu, embora o
arrependimento deu a metade de seus bens e permaneceu com a outra parte. Jesus
não exigiu abolição da propriedade para segui-lo e não fez teoria econômica
sobre os meios de produção. Haverá com maior ou menor frequência, identificação
do cristão com meios partidários. Mas jamais será plena. Porque quem normatiza
a ideologia do cristão é Jesus Cristo e não essa ou aquela teoria das ciências
políticas.
O cristão Jesus
Como não identificar novas raposas e não combatê-las, não
ser amigo e efetivamente a favor da gigantesca massa de miseráveis? Como não se
utilizar da religião como veemente protesto a exigir uma ética mundial, a
construção do novo, não só teocentricamente, mas também antropocentricamente?
Cair novamente em alienação? Virar as costas para o evangelho?
O
cristão deve, até tem obrigação, de tomar a frente das questões debatidas. Para
a América latina nossa causa não é só a do estudo, não só a melhoria íntima.
Não somente os irmãos mais próximos, mas a incontável multidão, explorada,
sofredora, rechaçada de qualquer ínfima decência humana.
Empenho,
esforço, luta pelo ser humano, muito mais que pelas instituições.
A
medida e forma descobrirão cada cristão. Assim como de um, Jesus exigiu todos
os bens (o moço rico), nenhum (os apóstolos), e ainda abençoou a doação da
metade (o publicano Tadeu), a medida de autodoação pela causa do homem, que é
certamente Divina, não é estabelecida por lei ou por critérios dogmáticos.
Também de dar pelo gesto de dar; assim faziam os fariseus. Só há valor
individual na caridade quando ela é feita pelo sentimento de amor que toma o
cristão e não obrigação imposta como condição de salvação. Mais do que dar
coisas. Dar a si.
Quando os discípulos, antes da multiplicação
dos pães, disseram a Jesus que a multidão tem fome, antes do milagre, da
surpresa, do alimento Divino, Jesus lhe respondeu: Dai-lhes vós mesmo o que
comer. (MC. 6:37).
O
engajamento vai ser sempre dentro da suprema metodologia de Jesus: contestar
utilizando-se do amor aos inimigos, do perdão das ofensas e da violência.
Jesus formador de marginais?
O
processo de institucionalização que se com Jesus De Nazaré, filho de mulher do
povo, tornou-o distante de todos os nós. Aquilo que ainda hoje se apresenta
como respeito e devoção, de fato, transformá-lo em tudo; não foi um mito
inatingível, um ser mágico e milagroso. Exatamente o oposto do que Ele foi e É:
O educador da humanidade. Mas por que o título de formador de marginais? Vocês
podem me perguntar.
Vou
começar explicar, esclarecido o que significa ser marginal, palavra que
assusta, principalmente numa sociedade tão padronizada e superficial com a
nossa. Ser marginal é á margem da sociedade, quer dizer não adotar valores,
normas, regras, podendo esta definição ser aplicada aqueles que não aceitam e
que combatem os valores os costumes injustos de seu tempo. Nesse sentido, Jesus
viveu completamente a margem da sociedade, distante das lutas do poder,
dinheiro e satisfações materiais.
Sua
concepção de um Deus amoroso e da igualdade essencial entre todos os homens,
seu convívio fraterno e amigo com aqueles que eram desprezados e descriminado,
sua contestação veemente e enérgica contra os exploradores do povo, torna-O um
individuo diferenciado, estranho e incompreendido pela maioria dos homens de
Sua época e da atual.
Vamos agir:
Sua
atuação como educador revolucionário, ensina que a verdadeira situação é um
processo educacional, no sentido de superação e animalidade, do orgulho e do
egoísmo, do desenvolvimento do amor que nos leva agir com abnegação e
sacrifício em beneficio do próximo e nos aproxima de Deus. Ensina, portanto, “a
estarmos no mundo, sem sermos do mundo”, isto é, agirmos, atuarmos e
transformarmos o mundo (com Ele fez) sem adotarmos os valores do mundo: A impiedade,
a mentira, a acomodação...
Seus
seguidores, assim, estavam a margem do mundo antigo e estão á margem atual.
Lutam, trabalham e sofrem pela construção de um novo mundo, como fizeram
Comeniuns, Rosseau, Kardec e Gandhi, como devemos fazer todos.
Jesus e os jovens: do evangelho dos dias atuais
A passagem na qual Jesus; aos
12 anos, é encontrado por seus pais dialogando com os doutores da lei num
templo é muito ilustrativa para demonstrar o quanto é importante que os jovens
encontrem ainda hoje, nos educandários espíritas, espaços em que são
valorizados e ouvidos, a despeito de sua idade.Isto é importante, pois Lucas
narra que ”Todos os que o ouviam se admiravam da sua inteligência e de suas
resposta” (LC. 2:47). Ou seja, Cristo apesar de tão novo, já irradiava
benefícios ao seu redor, contextualizando esse episodio para o momento atual, é
muito enriquecedor constatar que jovens com muito preparo, seja moral, seja
intelectual, têm chegado aos agrupamentos espíritas. Mas a pergunta é:
As
casas espíritas tem adotado um programa incluso do jovem, que permitam que ele
expresse suas opiniões, vislumbre novos ângulos da casa, como por exemplo, as
reuniões mediúnicas, ou mesmo que beneficie outros com toda bagagem espiritual,
mediante proposta de debater?
Pensar
em um programa inclusivo do jovem no centro espírita é está em conformidade com
o pressuposto educativos de Jesus. O próprio colégio apostólico foi composto
por indivíduos jovens, a exemplo de João e Tiago, designados carinhosamente
pelo Mestre de “folhos do trovão” (MC. 3:17). Ou seja, Jesus ao formar sua
equipe, ou grupo dos 12, decide mesclar jovens com os mais experientes. Pode se
depreender ai um primeiro momento de valorização da juventude. Alem disso,
necessários é evidenciar o método de envolver e promover o jovem mediante a
formação de equipes, onde os mais novos possam a conviver com os mais
experientes e, sobre tudo aprender fazendo.
Acompanhar a maneira pela qual
Jesus concebia o jovem, sobre tudo na figura de João, é evidenciar um modelo
pedagógico que primava pelo respeito, pela valorização do individuo e pelo
afeto qual o Mestre tratava o apostolo “muito amado”.
Certa
feita, João, em uma atitude intempestiva, possivelmente decorrente ainda de
certa concepção institucionalista, aborda Jesus, e disse: ”Mestre, vimos um
homem que em teu nome, expelia demônios, o qual não nos segue; e nós lhe
proibimos por porque não seguia conosco (MC. 9: 39). Alem de orientar João de
maneira assertiva, Jesus ilustra e esclarece o discípulo do porquê não realizar
tal ato.
A
sensibilidade de Jesus é tanta face a situação que ele continua a ponderar seu
interlocutor das causas de não proibir que outros cure em seu nome,
possivelmente por compreender que João não tinha a experiência necessária para
lidar com casos daquela ordem. Eis uns dos princípios da pedagogia de Jesus,
intitulada pela espiritualidade “igualdade com singularidade”. Assim Jesus,
busca contextualização o ensino a uma situação pessoal. “Pois quem não é contra
nós, é por nós.” Porquanto aquele que vos der de beber um copo de água, em Meu
Nome, por que sois de Cristo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o
seu galardão. (MC. 9: 41)
A juventude nos centros
A
afetividade no trato com o jovem pode ser vislumbrada ainda no episodio em que
junto a cruz estavam a mãe de Jesus, a irmã dela, e Maria, mulher de Coplas, e
Maria Madalena. Jesus vendo Sua mãe e junto dela o discípulo amado, disse:
Mulher, eis ai teu filho. Dessa hora em diante o discípulo a tomou para casa (J
19:25 a 27). Deste modo, estariam dados os parâmetros para que os dirigentes
espíritas pudessem pensar e repensar suas posturas face a questão da juventude
em sua casa.
Alguns
desses princípios são:
*Ser
afetuoso e atencioso com o jovem e tratá-lo com um espírito munido de experiência
milenar, não como uma criança, enfim, tratá-lo com o respeito que merece.
*Delegar
tarefas para que os jovens se sintam valorizados e, mais do que isso, acreditar
neles.
*Ouvir
o que os jovens pensam a respeito da estrutura da casa espírita das atividades
desenvolvidas etc...
Incluir
o jovem na dinâmica da casa e não somente deixá-lo isolados nas reuniões da
mocidade.
*Contextualizar
o conhecimento espíritas á vida do jovem, seu momento e suas singularidades.
A
pedagogia espírita, ao valorizar o educando, neste caso o jovem, como um ser
transcendente e dotado de experiências milenares, colabora para o rompimento da
idéia, ainda vigentes em muitos educandários espíritas, normalmente para firmar
a tese que ela ainda não está preparado para assumir responsabilidades. A
pedagogia espírita, como o próprio Jesus, tem disse, tem que começar a
incentivar o jovem, reconhecer a importância dele para o futuro.
Jesus, nem Deus, nem homem comum
Afinal
quem é o espírito daquele que é considerado o Mestre dos mestres?
As
tradições das igrejas fizeram de Jesus um mito. Ele seria Deus encarnado na
terra e com isso, seria impossível imitá-Lo seguir Seus passos, por que Deus é
único, inimitável.
Allan
Kardec, porém mostrou no livro Obras Póstumas que Jesus nunca se declarou Deus,
ao contrario, o titulo que se atribui constantemente era o de “Filho do homem”
mostrando, com isso, a sua humanidade.
Alguns
então hoje em dia, como nos filmes a ultima tentação de Cristo ou O código da
Vinci, querem dizer que Jesus era um homem como qualquer outro: Que teve
relações sexuais com Maria Madalena, Que se enraivecia, tinha fraquezas,
duvidas... Mas nada disso é comprovado Historicamente.
Ocorre
que a melhor explicação para a figura de Jesus é a visão espírita.
Não se
trata de Deus encarnado, por que Deus é infinito, imaterial, sustenta o
universo infinito e nunca poderia se restringir num corpo humano, mas também
não se trata de um homem comum. É um espírito muito superior, que já atinge um
grau de perfeição do qual os seres humanos na terra ainda estão longe.
TEXTO ESCRITO PELO CENTRO ESPÍRITA LUZ DIVINA.
FOTO: GOOGLE.
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